No casamento se faz menos sexo?
Fonte: Vila Mulher.
Uma noite é dor de cabeça. Na outra, cansaço. Na seguinte, preocupação com o projeto ou com a pós-graduação ou com os filhos.
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Mas pode ser cólica, dor de dente, unha encravada. Mulher
arranja a desculpa que quiser para evitar o sexo. E a prática é mais
comum em casamentos estáveis do que se imagina.
Mesmo sentimentalmente equilibrados, muitos casais perdem o desejo.
Mais frequentemente as mulheres acabam fazendo sexo por obrigação, se
submetendo a uma espécie de sacrifício. E não se trata de não amar mais o
parceiro. Apenas de não ter mais o mesmo interesse sexual em sua
figura.
A psicóloga Laila Pincelli, especialista em terapia de
casal, ressalta que não é uma verdade absoluta que todas as mulheres
fazem sexo sem querer - até porque existem aos montes aquelas com muito
mais desejo sexual que os homens -, mas em alguns casos isso acontece
sim. "Elas costumam fazer sexo com mais frequência do que gostariam.
Para algumas, uma vez por semanas ou por mês está bom, mas elas fazem
mais vezes para agradar ao marido", exemplifica. "O número de mulheres
casadas que aceitam fazer sexo com os maridos sem qualquer vontade é bem
menor do que antigamente, mas mesmo assim, muitas ainda se submetem, ou
por carência afetiva, ou por medo de perder o cônjuge", opina Eliana
Barbosa, consultora em desenvolvimento humano.
Esse interesse se
diminui por conta do dia a dia, e assim a atração física dá espaço a
outro tipo de sentimento. "O relacionamento ainda tem espaço para
amizade, envolvimento afetivo, mas só. O sexo fica comprometido e a vida
sexual, por consequência, menos relevante", avalia Laila. Isso porque o
sexo envolve uma série de investimentos por parte do casal: é preciso
criar mistério e carinho, estar disposto a isso. "O casal está tão
cansado e distanciado que chega uma hora em que o sexo não faz mais
falta. A correria da relação diária compromete essa parte do casamento
e, na maioria das vezes, eles não conseguem voltar atrás". Eliana
acredita que a falta de desejo em casamentos "sentimentalmente
satisfatórios" se deve à falta de abertura do casal em relação à vida
sexual. E diálogo.
Não há como saber se a perda do desejo começa
no homem ou na mulher - o fato é que eles reclamam mais aos quatro
ventos que depois do altar, a cama esfria. No consultório, Laila percebe
que a maioria é de mulheres que perdem o desejo
- talvez por que elas se abram mais facilmente sobre o assunto no
consultório. Mas é bem verdade que, quando a vida familiar começa, o
casal não precisa dividir nada com ninguém, tudo é muito gostoso. "Aí
vem o filho, que gera uma série de preocupações, ocasionando o
descompasso da libido", ressalta Laila. É preciso também observar como
andam as emoções de cada cônjuge, porque pode haver muito amor e carinho
no casamento, mas um dos dois estar passando por problemas que acabam
refletindo nos momentos mais íntimos do casal.
A perda do desejo costuma ter início então após o nascimento dos filhos
e, para reverter a situação é preciso resgatar o que havia de bom.
Laila afirma que a mulher acaba sendo a mais afetada porque fica
sobrecarregada, responsável por um número maior de tarefas, como o
cuidado com os filhos ou a administração da casa, por exemplo. "Isso a
deixa cansada e não sobra energia para ativar a vida sexual", explica.
"Homens e mulheres funcionam de maneiras muito diversas e não há o
entendimento dessas peculiaridades, as cobranças e os conflitos começam a
surgir na vida a dois e, claro, vão repercutir negativamente na vida
sexual do casal", avalia Eliana.
Com esforço e vontade de
reverter essa situação, é possível mudar o rumo. A primeira atitude é,
claro, perceber que há um descompasso na relação. "Para que a mudança
ocorra, o casal precisa estar de comum acordo e fazer coisas que
reativem esse desejo sexual", sugere Laila. "É preciso que ambos se
disponham a conversar sobre as suas preferências, sobre as suas
frustrações, seus medos e, é claro, suas fantasias e desejos", indica
Eliana. A ideia então é buscar atividades que, antigamente, os deixavam
mais próximos, como viajar juntos para um determinado lugar, jantar
sozinhos, criar um (novo) clima. "O que não deve ser feito é fingir que
está tudo bem quando na verdade não está. Fingimento ou omissão é uma
grande perda de tempo!"
Casada há 23 anos, Eliana mesmo sugere
pequenas atitudes que vem dando certo na sua relação. "Escreva bilhetes
ousados para seu marido e coloque, escondido, em sua pasta de trabalho,
mala de viagem, gavetas ou dentro da agenda", recomenda. "Gosto também
de escrever e-mails românticos e, principalmente, exaltando a
importância do meu marido na minha vida. Quando a mulher toma a
iniciativa de falar dos seus desejos e do seu carinho pelo esposo, ele,
por consequência, se torna mais amoroso e atencioso com ela".
Outra dica importante é nunca perder a vaidade. "A mulher vaidosa, que se cuida, demonstra ao marido que se ama e se respeita - e passa uma mensagem de autoconfiança. E essa postura vai refletir positivamente na intimidade do casal", garante a consultora. A solução é tentar, juntos, transformar o excesso de intimidade: de retranca e veneno em alavanca e tempero!
Por Sabrina Passos (MBPress)
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