quarta-feira, 10 de abril de 2013

Ataque à Falta de Concentração!



Muitas estratégias terapêuticas são baseadas na compreensão dos fenômenos psicologicamente vivenciados, tendo na tomada de consciência um caminho importante para a neutralização das situações emocionalmente fortes que se busca combater. Na psicologia do comportamento adota-se a lógica da identificação do estímulo positivo ou negativo (S+/-), bem como da reação (R+/-) conseqüente, principalmente para tentar promover a desconstrução da negatividade de estímulos negativos (S-), causadores de reações negativas (R-). A psicanálise, também valorizando a tomada de consciência e compreensão da realidade, atribui um papel muito importante à compreensão das informações inconscientes.

Na aprendizagem, principalmente voltada à preparação para concursos públicos e exames, a compreensão e a tomada de consciência do processo de apropriação intelectual do conhecimento estudado não é menos importante. E esta lógica vale inclusive para atacar a falta de concentração nos estudos.

Assim, diante de situações de dificuldades de concentração, o primeiro passo consiste em entender e não ignorar o que ocorre quando somos atingidos por uma “rajada”, “ataque” ou “onda” de desconcentração ao longo de um turno de estudos, ou mesmo quando isto nos impede de começar a estudar. Ou seja, me refiro às situações nas quais temos uma enorme dificuldade para nos concentrar, tendo aquela desconfortável situação de que ficamos empacados e não avançamos. Você costuma passar por isto?

Diante deste cenário, duas atitudes são fundamentais: (1) entender a dinâmica do processo em andamento, isto é, o que está acontecendo; (2) entender os fatores ou causas determinantes para a situação em andamento.

Quanto à dinâmica do processo, se estamos tendo dificuldades para nos concentrar nos estudos, é porque há um estímulo que está tendo mais relevância do que aquele que gostaríamos que tivesse, sendo que o estímulo preferido corresponde à informação ou objeto de conhecimento a ser estudado. Daí é importante entender que a concentração consiste numa função cognitiva primária, que corresponde a uma lógica de seletividade de estímulos.

Portanto, concentrar-se significa valorizar alguns estímulos em detrimento de outros. Se quero me concentrar nos estudos, preciso desconsiderar todos os outros estímulos ambientais, tidos por exógenos, como sons e características do local onde estamos, e não ambientais, considerados endógenos, estes envolvendo fatos e lembranças que podem vir à nossa mente naquele momento de estudos.

Se não nos concentramos é porque algo “rouba” a nossa atenção, algo este que não é aquele estímulo que gostaríamos que prendesse a nossa atenção. Este é o processo em andamento, acerca do qual precisamos tomar consciência e compreender.

Superada a compreensão da dinâmica do processo, é preciso entender o que o determina. Ou seja, se estamos passando por uma situação de dificuldade de concentração, o que está por trás disto? Temos duas possibilidades, as quais podem estar ocorrendo de forma concomitante ou não: (1) o “estímulo-ladão”, que está tomando a nossa atenção, tem relevância significativa, maior do que o estímulo principal-preferencial que pretendemos valorizar, correspondente ao conhecimento a ser estudado; (2) mesmo que o “estímulo-ladão” não tenha tanta relevância, não estamos atribuindo a relevância devida ao estímulo-principal-preferencial, ante a nossa falta de interesse.

Costumo dizer que para um fanático por seu time de futebol, numa final de campeonato na qual o time está em campo, sendo a partida o estímulo principal, jamais ocorrerá a segunda hipótese mencionada. Digo isto para provar que o interesse é determinante a atribuição de relevância ao estímulo.

Mas muito bem, agora você já sabe o que acontece quando está tentando estudar e não consegue se concentrar. Porém, esta tomada de consciência, por si só, resolve o problema, nos fazendo ficar concentrados? Obviamente que não! Até porque o diagnóstico não se confunde com o prognóstico. Então daí você pode se perguntar: mas o que fazer? Afinal, qual é o prognóstico?

Seguramente, tendo a devida compreensão, você já pode encontrar estratégias que lhe ajude. Inclusive se tiver alguma sugestão deixe em forma de comentário no final do texto. Mas vou pontuar algumas iniciativas que podem ajudar, identificadas a partir da minha vivencia empírica nos estudos, principalmente como candidato a concursos público, bem como por meio da pesquisa psicopedagógica-cognitiva:

1 – no caso da falta de interesse no estímulo principal, ou seja, na matéria a ser estudada, tente identificar o que há de útil neste conhecimento. Seguramente, existe alguma utilidade que vai além do edital. Pense no que pode ganhar ao saber daquela informação. Ainda neste sentido, procure trabalhar o prazer em aprender (clique aqui para ver o texto Preparação para Concursos e o Prazer em Aprender);

2 – seja minimamente flexível! Isto é, se está muito difícil se concentrar naquela matéria a ser estudada por determinada fonte, passe para outra matéria ou fonte, faça alguns exercícios, faça um resumo, esquema ou mapa mental da matéria estudada anteriormente, ou seja, faça uma revisão do que já estudou, inclusive enquanto estratégia para retomar o ritmo;

3 – compreenda de forma fragmentada o que irá estudar, do tipo “agora minha meta é estudar e entender este parágrafo”, ou “esta página, este item, este capítulo, este tema…”. Encare um, para depois passar ao outro. Avance por partes, esqueça o todo e estude o que tiver que estudar de forma fragmentada. E não deixe de ler o texto a Fragmentação do Plano de Estudos (clique aqui para ler o texto Repercussões Emocionais da Fragmentação do Plano de Estudos);
4 – tenha força de vontade! Esta colocação pode parecer autoajuda enlatada e superficial para concursos, mas a questão é como fazer para ter força de vontade? Neste sentido, é preciso que entenda que você conta com estruturas bio-cognitivas capazes de selecionar estímulos de forma voluntária, ou seja, estou dizendo para acreditar que é capaz não por uma questão de fé, mas pelo fato de que, neuro-bio-fisiologicamente, você tem um equipamento cognitivo que lhe permite isto. Repito: você tem um cérebro e estruturas cognitivas que lhe permite selecionar e descartar estímulos relevantes. Você pode! Isto é uma afirmação racional e científica! Portanto, lute! Lute com o que você tem! Lembre-se que na partida da final do campeonato, na qual seu time está jogando, você consegue selecionar o estímulo principal. Portanto, também pode fazer isto ao estudar!

5 – trabalhe com a respiração; pare por alguns minutos, não mais do que 5, feche os olhos e respire de forma profunda e pausada, da maneira mais profunda e pausada que puder;

Além destas sugestões, compreendendo e tendo consciência do processo relacionado à falta de concentração, tente identificar outras estratégias adequadas ao seu perfil. E reitero o pedido para deixar as sugestões em forma de comentário!

Alerto ainda que, para as pessoas diagnosticadas como portadoras de TDAH ou DDA, existem outros caminhos a serem adotados, inclusive com intervenção medicamentosa. Mas é preciso buscar a atuação de profissionais autorizados, tanto para o diagnóstico, quanto para o prognóstico, intervenção e principalmente o uso da medicação. E se não tem as referidas patologias, não se iluda com o uso da ritalina (clique aqui para ler texto sobre a Ilusão da Ritalina).

Por fim, bom combate às rajadas de desconcentração e bom estudo!

Fonte: Concursos Públicos


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Obrigada pela visita e volte sempre...

Rô Carvalho

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