domingo, 18 de dezembro de 2011

AMOR BANDIDO



O primeiro capítulo da novela global Viver a Vida acompanhou a perseguição policial a Sandrinha (Aparecida Petrowky) e Benê (Marcelo Mello). A cena foi só uma pequena
parcela de todos os traumas que esse amor bandido vai trazer à irmã da protagonista
Helena (Taís Araújo). Sandrinha teve um filho com o namorado criminoso, que só não
pediu o aborto da criança por acreditar que a gravidez serviria de atenuante para que ele aguardasse por julgamento em liberdade. O relacionamento conturbado foi seguido por ameaças à família da namorada: chegou até a fazê-la de refém com uma faca no pescoçopara fugir da polícia.
Para a infelicidade de muitas, as histórias se repetem constantemente na vida real. O autor Manoel Carlos conta que o drama de Sandrinha se assemelha ao de muitas
meninas de classe média, que acabam se envolvendo com pessoas erradas. "Ela teve a
mesma educação de Helena, as mesmas oportunidades, a mesma criação, mas escolheu
caminhos completamente opostos. Essa é uma realidade presente em muitas famílias
brasileiras atualmente."
Mas o que leva uma mulher a viver esse tipo de relação? Para o psicólogo especialista em relacionamentos amorosos, Thiago de Almeida, a procura pelo príncipe encantado ainda norteia a busca pelo companheiro em pleno século 21.
A idealização do homem perfeito pode ser um companheiro manipulador, um criminoso ou
até o marido da melhor amiga. "As pessoas não procuram relacionamentos destrutivos,
mas a paixão é capaz de minimizar temporariamente a capacidade crítica do raciocínio."
A permanência em um relacionamento destrutivo pode ser diagnóstico de paixão
patológica. Mulheres com perfil de baixa autoestima, dependência emocional do parceiro,ansiedade e depressão são as mais vulneráveis a relacionamentos perigosos. Pacientes dessa síndrome não dão ouvidos a amigos, familiares e qualquer outra pessoa que tente alertá-la sobre o caráter do parceiro.
A personagem Sandrinha acredita no amor e na possibilidade de que Benê se torne uma
pessoa boa, assim como acontece do lado de cá da telinha. Manoel Carlos faz segredo
sobre os desdobramentos da história da personagem. Ainda é cedo para dizer se ela
sofrerá ainda mais ou se dará a volta por cima.
Para mulheres do mundo real, Thiago Almeida recomenda terapia e tratamento com
medicamentos para controle da ansiedade. O Hospital das Clínicas, na Capital, presta
atendimento gratuito a pacientes com síndrome de paixão patológica.
Paixão patológica tem cura A stripper Sandra se envolve com Toninho, um assassino que mata somente motoristas de táxi. O delegado Galvão, pai de Sandra, tem a missão de capturar o assassino e se reaproximar da filha. Este é o pano de fundo do filme brasileiro Amor Bandido, de 1978.
Passados 30 anos da película, os desencontros entre amor e criminalidade só ganharam
novos contornos.
Simony, cantora mirim dos anos 1980, teve paixão instantânea pelo rapper Afro-X,
condenado por assalto a banco. Ela o visitava na detenção toda semana, tiveram dois
filhos e selaram o amor atrás das grades com casamento que durou três anos. O motoboy Francisco de Assis Pereira, conhecido nas manchetes policiais como Maníaco do Parque,recebia na penitenciária várias cartas de mulheres apaixonadas. Ele se casou com uma das correspondentes em 2002.
Esses e outros tantos casos são considerados diagnósticos de paixão patológica. A
bancária Denise*, 51 anos, do Grupo Mada (Mulheres que Amam Demais Anônimas)
explica que o amor bandido não é apenas quando o parceiro tem pé na criminalidade,
mas todo tipo de relação em que existe intenção de prejudicar.
O tratamento do Mada é norteado pelos tópicos do livro Mulheres que Correm com Lobos,da psiquiatra Clarissa Estés. Elas procuram a cura dividindo suas histórias em reuniões que lembram as do AA.
A publicitária Glaucia*, 23 anos, participa do grupo. O namorado usava a relação para dizer que estava tentando se recuperar e, assim, atenuar o processo que sofria contra tráfico de drogas. "Eu o conheci quando ele queria se livrar da dependência química.
Agora quem está em recuperação sou eu, quero me livrar desse amor que só me faz
sofrer."
Para quem não reconhece o amor bandido como drama, resta fazer piada da situação. O
blog Homem é Tudo Palhaço (tudopalhaço.blogspot.com) funciona como divã virtual. É lá que a advogada Paula*, 41 anos, dividiu as impressões do namoro relâmpago com rapaz que conheceu pela internet. Eles trocaram mensagens por três meses e decidiram morar juntos. Como ele não conseguia emprego na nova cidade, convenceu-a a pedir um empréstimo de R$ 2.000. "O namoro durou 28 dias, mas o empréstimo eu pago há quase um ano", conta rindo da sorte.
* os nomes foram trocados a pedido das entrevistadas.



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