domingo, 13 de março de 2011
25 ANOS DE CO-DEPENDÊNCIA AMOROSA E SEIS MESES PARA ME LIBERTAR.
Olá, eu sou Bel, uma MADA em recuperação.
MINHA INFÂNCIA/ADOLESCÊNCIA - Sou a filha mais velha de uma família de 6 irmãos. Exceto uma irmã que morreu com 7 anos. Um (que nasceu depois de mim) com 23 anos que entrou para as estatísticas de desaparecidos (esse, era homossexual co-dependente afetivo e dependente químico barbitúricos), todos nós somos doentes MADAS e co-dependentes afetivos.
Desde adolescente os garotos mais educados gentis e em boa situação financeira não me atraiam. Vivi num lar disfuncional, meus pais conviveram 26 anos e ele sempre teve outra mulher, constituiu duas famílias e ambas sabiam e conviviam com essa situação, como se diz hoje “na boa”. Algumas vezes meu pai se separava de minha mãe e tínhamos que ir junto com ela atrás do dinheiro para nos alimentarmos, em baixo de chuva, sol em lugares ermos, uma humilhação inconcebível. Aos 14 anos eu já estava trabalhando para ajudar nas despesas da casa, tudo na esperança que ela o deixasse, mas isso não acontecia, era humilhada, apanhava e outras coisas mais, ele foi quem saiu de casa em 1977. Ela passou a beber diariamente, nunca conseguiu superar, piorou quando minha irmã faleceu em 1978 e mais ainda quando meu irmão desapareceu em 1984. Bebeu até 2007, quando descobriu que era portadora de insuficiência renal crônica, hoje faz hemo diálise e mora comigo.
FASE ADULTA - Aos 21 anos casei com um homem (27anos) grosseiro(na educação) era mulherengo, nunca me humilhou e jamais me bateu, dividíamos as despesas de nossa casa, sendo a maior parte dele. Demorei para ficar grávida, só após 5 anos, veio a tão desejada "barriguinha", ao anunciar a gravidez, ele friamente disse que não me amava mais e me deixou como um objeto, detalhe: eu tinha 26 anos e a mulher que ele se dizia apaixonado 42 anos(com 3 filhos e trompas ligadas). Passei por uma depressão profunda durante os 7 meses restante da gestação, quando nossa filha nasceu eu mantinha a esperança dele voltar, me enganei redondamente, ela apenas, veio visitar a menina para registrá-la (éramos casados de fato) e tudo que me falou foi um frio: "ela é tão bonitinha". O tempo foi passando e finalmente esqueci que um dia fui casada, nos divorciamos.
MEU 2º GRANDE AMOR - Quando minha filhota estava com 1 ano e 3 meses conheci o 2º grande amor da minha vida, apaixonada, morando com minha mãe e minha filha (me mantinha, trabalhava numa grande empresa, de onde saí aposentada). Entretanto, mesmo cooperando com as maiores despesas da casa, minha mãe não me considerava independente. Não aprovou minha nova paixão, ela não me deu chance de conhecê-lo. Praticamente me expulsou da minha própria casa em baixo de um espancamento que me deixou 15 dias de licença médica, olhos, braços e costelas com hematomas. A surra aconteceu primeiro por que ela havia bebido e 2º porque ela não admitia a relação, achava que ele estava abaixo do meu nível intelectual (tinha toda razão). Saíamos sempre escondido e neste dia, perdemos a hora de voltar, cheguei às 2:00 da madrugada, ela estava acordada e me pegou em flagrante.
Nós tínhamos apenas 3 meses de “namorido”, no dia da surra, ela falou para ele: “tire ela e minha neta daqui amanhã mesmo, não vou admitir essa sacanagem aqui, se tem dinheiro para motel encontrem um lugar para viverem juntos”. No outro dia ele foi procurar um lugar para morarmos, 2 dias depois estávamos nós três juntos, eu, ele e minha filha. MARAVILHA, lua-de-mel, tudo era amor, paixão e felicidade, tudo perfeito, eu sempre pagando as contas maiores, não me dava conta do mal que começava a se instalar, até que 3 meses depois descobri que ele era usuário de maconha, nessa época (1985) ele já bebia muito, mas não causava quase nenhum problema, era apenas o começo de uma história de terror, a dependência do álcool é progressiva e incurável e eu assistia o progresso da doença praticamente calada, por falta de conhecimento mesmo, o alcoolismo naquela época era tratado de forma bem diferente do que é atualmente. Aceitava muita coisa por medo de perder o meu grande amor. O sorriso que a minha filha abria para ele diariamente, quando retornava do trabalho era mágico. Vê-los brincando enquanto eu preparava o jantar era fascinante e eu não percebia que estava me empurrando lentamente para um grande abismo. No final de 1986 começaram os grande porres, (eu não bebia) as saídas sem voltas, as más companhias trazidas para dentro de nossa casa, tudo com minha permissão, eu aceitava tudo para não perder um momento de amor, de carinho e de sexo, eu me entregava literalmente de corpo e alma. Vivia arranjando desculpas para amigos e familiares sobre a droga e os porres, mesmo consciente de que ele estava errado eu não conseguia ficar com raiva dele nem por ½ dia, quando eu tentava abordar o assunto das drogas e das bebedeiras, ele sempre dava um jeito de eu me sentir culpada. Ele descobriu que eu o amava demais e passou a mentir, a não ter responsabilidade com as despesas que dividíamos e começou a me desprezar discretamente, com o aumento do consumo das drogas, (passou a consumir também cocaína) e também logo parou, o custo era muito alto. As brigas nessa época já começaram com xingamentos, falta de respeito e terminavam nos empurrões (nunca passou disso) eu sempre partia para cima dele e ele me empurrava.
Todo bêbado tem sua mania, a dele era terrível, chegava em casa altas horas ligava um som profissional no último volume e pronto, noites e noites inteiras acordada, os vizinhos reclamavam, chamavam a polícia, um verdadeiro inferno, pela manhã eu deixava a menina no hotelzinho e ele ficava dormindo, começou a faltar ao trabalho e foi demitido. Como ele dizia: “desgraça só presta muita”, com a grana da rescisão contratual ele abriu um bar, no início foi excelente, clientes diversificados, comida boa, feita por mim, isso mesmo, chegava do trabalho, punha um avental e ia me enfurnar com minha mãe(que voltou a morar conosco) para ajudar na cozinha e c/ minha filha na barra da minha saia. Fizemos uma divisão, parte da frente bar e atrás moradia), com o tempo ele foi colocando no bar amigos drogados e a clientela melhor sumiu, a proprietária do imóvel, pediu que desocupássemos e nos colocou na justiça, como de fato havia drogas no meio, tivemos que sair, minha mãe nessa época já tinha todos os filhos casados foi morar só (atentem: ela não quis nos levar) e pasmem, fui morar numa barraca de campping (nós três) armada num terreno em frente da casa da mãe dele num bairro noutra cidade distante 1 hora do centro onde eu trabalhava(ela, minha sogra dizia que não cabia nós três lá dentro) os móveis minha mãe guardou. A família dele nunca me valorizou e nem podia, se eu mesmo não me dava valor.
Daí prá frente foi só descendo, após dois meses conseguimos um apto. alugado, voltamos para o mesmo bairro de onde havíamos saído. Nos separamos no final de 1987, fizemos as pazes no começo de 1988, mas ele não voltou para casa, passamos a nos encontrar, desses encontros, fiquei grávida da minha 2ª filha, quando falei para ele que estava grávida, ele simplesmente ironizou e disse: “quer me fazer de idiota? Esse filho não é meu.” Deus! Foi como uma paulada na minha cabeça, do jeito que minha mãe era conservadora, como explicar que eu estava grávida se aparentemente eu não tinha homem e negava para toda minha família que jamais voltaria para o meu X? Totalmente desequilibrada emocionalmente, envergonhada, não vi outra forma que não fosse tentar convencê-lo de voltar para casa, ele voltou, foi aí que desci de vez uns 200 degraus. Gestação difícil, trabalhando sustentado a casa a outra filha na escola e ele ora trabalhava, ora se desempregava, eu não via a cor de um centavo dele, era tudo para comprar maconha, voltou para a cocaína, beber e sair com amigos e certamente com mulheres, nem ao menos dormia comigo. Dizia sempre aos gritos: “quando essa criança nascer vou fazer DNA”. Em 1989 ela nasceu e trouxe um sinal no estômago, sinal de família paterna, todos têm. Fomos vivendo “aos empurrões”, eu sempre o desculpando, tentando ajudá-lo, quando não suportava mais, nos separávamos, depois de algum tempo ele prometia melhorar e voltávamos. Até uma empregada doméstica que coloquei em casa, ele a engravidou, claro, ele negou e mais uma vez nos separamos, desse vez foram 4 meses. Mas, a co-dependência da qual sou portadora não conhecia limites e sob pretexto de visitar as meninas, acabávamos fazendo as pazes. Quando ele sentia que eu estava totalmente voltada para ele, começava a “pintar o diabo” Os anos foram passando e eu cada dia piorando, fui me anulando, perdendo as forças de lutar contra algo que ainda não sabia que era uma doença, Criando as meninas numa creche particular, trabalhando fora, fazendo as tarefas domésticas, enfim tudo eu resolvia só, ele não contava para nada, (já com a mais velha com 11 anos e a outra com quase 6) resolvi cursar faculdade.
Gente, eu não conseguia viver sem ele. Era raro o dia que eu chegava do trabalho e da faculdade para não encontrar pelo menos 3 alcoólatras e drogados dentro da minha casa, minhas filhas trancadas dentro do quarto. Quantas vezes me acordei na madrugada e vi a porta do apto. aberta som parado ou no último volume e pelo menos 3 homens dormindo no chão da minha sala. E quando no outro dia eu reclamava ele dizia: “tá achando ruim se mata” ou “quem não gosta come menos”. Quantas vezes acordei na madruga com a minha cama toda urinada, é isso mesmo que vocês estão lendo, xixi, ele não tinha mais controle sob as necessidades fisiológicas noturnas, a mistura de álcool + maconha começou a afetar o relógio biológico que todo ser humano tem, nesses dias que ela urinava na cama eram as noites que ele se mantinha sóbrio e deitava comigo. De personalidade prepotente, ele é irônico frio e calculista. Sabia exatamente até onde podia me irritar e quando deveria recuar e me agradar. Em 2004 ele adquiriu uma doença óssea osteonecrose da cabeça do fêmur, (doença que afeta 2% de alcoólatras) passou por 4 cirurgias, tudo com o meu plano de saúde excelente plano da empresa onde eu trabalhava, a cada implante total de quadril, que os melhores ortopedistas faziam, ele quando estava melhorando voltava para a bebida e drogas, então aparecia uma infecção, até a 4ª e última operação, onde ele entrou em COMA por 8 dias, teve paradas cardíacas ficou na UTI e quase 5 meses ficou internado num grande hospital. EU? Era incansável, do trabalho para o hospital, às 05:00 da manhã saia do hospital dava uma passada em casa e voltava para o trabalho. Mas, ele jamais agradeceu, pelo contrário, mesmo em cima de uma cama, sem poder andar, ele só falava comigo aos gritos, ao ponto das enfermeiras aconselhar: “Sr. x não faça isso com sua esposa, ela é tão dedicada”, ele respondia, eu sei como devo tratá-la, até os vários vizinhos da outra cama da enfermaria, ficavam espantados com a maneira como ele me tratava, um deles disse 1/2 dúzias de desaforos e pediu para ser imediatamente transferido de enfermaria. Deus, quanta humilhação e eu lá, parecia anestesiada, claro, dava os meus gritos também mas no outro dia estava lá. Certa vez foi tão chocante o que ele fez que passei 15 dias sem aparecer lá, nossa filha mais velha foi uns dois dias, ele a tratou mal, ela retrucou: “olha pai fica aí sozinho, pois nem de longe eu sou mamãe” e se mandou. A outra filha da mesma forma. Sabem o que eu fiz? Paguei, repito, paguei para um irmão dele acompanhá-lo, ele super preguiçoso, com duas semanas caiu fora. Finalmente ele teve alta. OK, tudo pronto e arrumado caprichosamente por mim, o REI estava para voltar, iríamos receber visitas médicas semanais e teríamos um fisioterapeuta diariamente dentro de casa, fora as visitas dos amigos e família. Eu não me olhava no espelho, tinha meus cabelos cortados na máquina 2, olheiras profundas emagreci muito, deitava entre 1 e 2 da madrugada e acordava às 05:00 hr, sempre fui muito exigente e perfeccionista, eu mesmo precisava fazer tudo e fui me acabando.
Quando ele melhorou, já podia ir fazer fisioterapia na clínica com duas muletas, alguns amigos o transportavam nos carros deles, (amigos todos viciados) nós não tínhamos carro. Nessa época minha filha conseguiu um emprego para ganhar muito bem, que exigia condução própria, unindo o útil ao agradável, resolvi ajudá-los, dei uma boa entrada e financiei o restante, ela o levava logo cedo para a fisio, trazia e depois ia trabalhar. 8 meses depois ela saiu do emprego e o carro ficou conosco.
Ele só melhorava, tratava-o a pão-de-ló. Começou a dirigir, parou de beber só não de usar droga, houve dias de ter 4 homens fumando maconha na área de serviço do apto. (espaço minúsculo) tudo com minha permissão, sentia muita vergonha dos vizinhos e de minha mãe já tão idosa, minhas irmãs se afastaram de mim, bem como minhas filhas, os vizinhos fechavam as janelas para que suas crianças não assistisse as sessões que aconteciam a qualquer hora do dia ou da noite. De carro, passou a aprontar cada dia mais e mais, só me levava para as compras mensal e no ponto de ônibus pela manhã e me pegava à noite. As saídas de “vou ali” e as voltas pela madrugada eram frequentes, eu o “patinho feio” exausta, me entupia de indutor de sono e caia em sono profundo. Comecei um processo de autodestruição, passei a beber, no início ao final de semana escolhia um sábado ou domingo, depois aumentei, era o final de semana todo, naquelas bebedeiras punha prá fora todo minha dor. Raramente saíamos e quando isso acontecia era tudo pago por mim. Perdi as contas de quanto gastei na tentativa de “salvar nossa relação”. Ele começou a fazer um jogo para me enlouquecer. Bastavam duas doses para ele inventar que eu fiz isso, aquilo, que estava doida, pior é que eu ficava me questionando será que fiz isso? Até que um dia fomos conhecer uma praia distante com amigos, lá dei um jeito de trocar escondido as doses de Whisky por guaraná (uma amiga me ajudou), após duas horas de consumo de maconha, eu o chamei para tomarmos um banho de mar, claro ele respondeu NÃO, eu sentia que ele tinha vergonha de mim, descaradamente olhava e tentava paquerar as jovens da idade de nossas filhas, parecia que eu não estava nem ali. Então comecei a reclamar, porque ele só ia ao mar sem mim? Porque isso, porque aquilo? Pasmem, ele pegou meu copo que ele pensava conter Whisky e jogou no meu rosto, aos gritos falava você já está embriagada, vou te levar agora mesmo, olha só está tão bêbada que já está bebendo até refrigerante. E saiu me arrastando. ENLOUQUECI!! Foi aí que comecei a caminhada para lutar contra minha doença. Gente, eu berrei, fiz um escândalo capaz de chamar atenção de quem estava há 1 km de distância. Desse dia em diante, eu pela primeira vez fechei a porta do nosso quarto, fiquei mais de um mês sem sequer cumprimentá-lo. Mas, alguém está pensando que ele se importou? Nunca! Ele ironizava, cantarolava, brincava com os pássaros e acendia seu cigarro. Curtia mesmo com a minha cara, tirava onda. Saia com o meu carro, colocava combustível com o meu cartão de crédito, chegava pela madrugada, os preservativos e viagras caiam sob minha cabeça, ele chegava “muito doido” pendurava a bermuda ou a calça na área de serviço e as camisinhas e medicação citada, caiam no chão ou na minha cabeça se eu estivesse na área. Se eu falasse, nossa.... ele cantava, dizia: “olha só nesses dias você morre de tão magra e de tanta raiva que você sente”, “se você não quiser tem quem queira” ou cantava: “Não me amarra dinheiro não! Mas formosura Dinheiro não! A carne dura”(Caetano Veloso). E volta e meia me chamava de velha, e curtia zombando com gritinhos e falas de desenho animado (Os Flinstones) úúúú veinhia, áh,áh que veinha chata, vai, vai veinha te entupir com teus remédios de doida que eu vou sair, tem uma gata me esperando. Olha só a bunda dela, parece duas bandas de AAS infantil. kkkkkk
SUPERANDO A DOR SENTIMENTOS – Em set/09 no dia do meu niver, decidi que aquela seria a última vez que eu seria humilhada e massacrada na minha auto-estima dois dias depois fui altamente agredida psicologicamente fui expulsa do meu carro em baixo de gritos de velha doida ridícula e outros xingamentos, entrei em casa perplexa. Ele saiu e só retornou às 4:00 da madrugada. Eu apesar do MADISMO, nunca fui de sentir ciúmes, achava que com toda minha dedicação e capacidade de perdão, ele jamais me trocaria por outra, por isso nunca questionei onde ele ia, que horas chegava. Nesse dia foi diferente, esperei sim, quando ele entrou, debochando, nada falei, simplesmente, quando ele deixou a chave do carro no lugar de sempre eu guardei, fui no carro e retirei os documentos aproveitei para retirar meu cartão de crédito e o cartão do plano de saúde. Me mediquei e fui deitar, eu no meu quarto ele no sofá. Quando acordamos e ele deu por falta da chave, procurou a cópia eu também havia guardado. Então, ele me falou: “quer tirar onda?” “Sabe de uma coisa, quem não quer mais viver com você sou eu” . Naquele momento percebi que ele tinha outra pessoa ou outras, percebi também que ele jamais me amou pois se há 4 anos estava sóbrio e continuava a me torturar não tinha mais desculpas. Decidido, ele ocupou a dependência de empregada, retirou todas as tralhas jogou nas salas do apto, e montou um quarto p/ele.
Continuei calada, havia começado a reler o Livro Mulheres que Amam Demais, alternando com Co-Depêndencia Nunca mais. Procurei ajuda psicológica, psiquiatra eu já tinha, passei a freqüentar os grupos de alto-ajuda e daí foi só progresso, dentro de duas semanas eu já havia decidido separar-me judicialmente, constitui um advogado e ele deu entrada no processo. A batalha que travava dia a dia comigo era extremamente dolorosa, muitas lágrimas, muitos porquês, sem contar com a lentidão da justiça, tendo que suportar ele dentro de casa, falas ao celular com mulheres, amigos, zombando e se divertindo com a minha dor. Passava por mim e batia no meu braço dizendo: “e aí, cadê a tal justiça que você disse que ia?” Tu vai prá canto nenhum idiota, tu és louca por mim e eu não te quero mais, daqui só saio com tudo dividido meio a meio”. “Ainda se fosse uma Ana Ma. Braga, ou uma Suzana Vieira, te orienta, você não tem grana para sustentar um gigolô a minha altura. Eu definhava, a cada dia, já aposentada, bebia praticamente todos os dias, solidão, vazio, ninguém acreditava que eu realmente fosse chegar até o fim, e nessa falta de confiança, minhas filhas, minha família não falavam nem direito comigo, e quando falavam era para me dizer que eles não queria se meter por que sabiam que essa era mais uma manobra minha para que ele caísse na real. Os nossos amigos todos sem exceção me viraram as costas, fiquei literalmente só.(os advogados haviam abordado o consumo de drogas dentro do ap. ele revelou o conteúdo do processo e lógico, todos, inclusive as esposas, atravessavam a rua para não me cumprimentar) O vazio e a solidão me feriam profundamente. Foi quando a psicóloga me pediu para fazer uma lista de tudo que ele me fez de bom e ruim, passei 2 semanas para elaborar a lista, eu não conseguia itens de bondade, até que a famosa lista saiu, levei para uma das sessões, aliás, uma das mais dolorosas das tantas que fui, descobri naquela sessão que eu gostava de me fazer de vítima, foi chocante. Muito bem apoiada pela Dra. e não descuidando dos passos dos dois livros e do grupo, fui reduzindo a bebida, comecei a beber só quando saia e por prazer e diversão. Descobri o quanto eu estava acabada fisicamente e a melhorar interiormente e externamente, o cabelo começou a crescer, fui encaminhada pela psicóloga para uma dermatologista, que iniciou tratamento na minha pele e cabelos com produtos caríssimos, que antes eu jamais me permitiria usar. Fui para uma academia, caminho 1 hora e faço 1 hora de musculação, faço massagem relaxante e acupuntura iniciei um namoro delicioso com as vitrines, vez por outra comprava sapatos, bolsas, roupas, isso foi se intensificando, passou do básico para o que posso até chamar de supérfluo, maquiagens caras, jóias, bijuterias finas e perfumes importados. MUDEI da água para o vinho, estou sempre passando por um espelho e me admirando me achando linda. Hoje sou uma nova mulher e digo sempre que ela nasceu da dor e do sofrimento.
Hoje, já pude e posso olhar para ele de cabeça erguida em nossa última audiência, eu estava linda totalmente diferente daquela mulher que ele havia visto em duas audiências anteriores, agora, olho para ele e penso: como pude fazer o que fiz comigo por esse ser desprezível, feio, desdentado e envelhecido. E sinto o olhar dele pousar em mim, olhar de espanto de surpresa de admiração. Enfim, o olhar de quem se pergunta: como foi que perdi essa mulher? Não nutro sentimento de vingança, apenas lamento por ele que é o pai das minhas filhas. Atualmente, deficiente físico (manco), aposentado por invalidez, percebendo um salário mínimo, sem ter mais plano de saúde e a doença dele exige avaliações periódicas (aliás, ele dizia que o plano era uma merda, várias vezes jogou o cartão no meu rosto e no chão, bastava uma consulta demorar um pouco mais). Hoje ele tem direito ao SUS - Sistema Único de Susto,(rsrs). Aos 50 anos de idade, terá de recomeçar do zero. Enquanto eu graças a Deus, permaneci dentro da minha casa e com minha vida financeiramente estruturada. E se aproveitando dessa minha situação, tivemos uma audiência que ele tentou arrancar de mim pensão alimentícia sob pretexto que é um homem doente, o juiz mostrou-se indignado e falou: “Sr. X, se o Senhor é doente a Sra. B também é, ela anexou ao processo vários BO’s policiais, (registro de torturas psicológicas e vandalismo dentro de casa e com as filhas quando crianças, adolescentes e adultas) a Sra. B também acostou ao processo atestados, laudos e cópias de receituários, com notas fiscais de medicação de uso psiquiátrico, por tanto ela também encontra-se doente, caso o senhor insista nesse absurdo eu vou imputar uma pequena pensão para o Senhor pagar para a Sra. B.
SUPERANDO TAMBÉM A PARTILHA DE BENS - Na última audiência a Promotoria deixou bem claro: não basta conviver 25 anos com alguém para dividir bens, é necessário que o casal que foi para a rua trabalhar, apresentem provas, tipo: de onde o dinheiro saiu, quanto cada um pagou, recibos, extratos bancários, enfim, a promotoria solicita o que ele nunca conseguirá provar porque na verdade eu construi tudo sozinha, fruto do meu trabalho, fruto de uma anulação de vida que quase me matou.
Graças a ao Poder Superior e ao meu comprometimento em realmente fazer minha reforma íntima consegui me recuperar, hoje sou uma MADA em plena recuperação e sem me descuidar um só momento, sabemos que nossa doença não tem cura, somos passíveis de recaídas, evito o primeiro contato, passei a ser altamente seletiva, vivo um dia de cada vez, sempre agradecendo pelas 24 horas de serenidade que o Poder Superior me concede.
Fonte:Bel Pereira é uma das irmãs do MADA,irmandade da qual eu tbm faço parte,sua história foi postada com seu consentimento, para que com isso possamos alertar a mais mulheres que pode sim existir uma saida para nós...
Hj eu a vejo como uma mulher vitoriosa, modificada não só por fora mas por dentro tbm...
Obrigada Bel pelo depoimento e espero q Deus continue te fortalecendo sempre...
Eu uno sua mão a minha, para que juntas possamos fazer, tudo aquilo que não consigo fazer sozinha...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
As Mais Lidas da Semana
Desopilando o fígado - Sobre Depressão.
Vale dos suicidas... Eu sei bem que a vida não é fácil...sei tbm que em alguns momentos, nós temos esses pensamentos de morte (eu já t...

Incrivel...Não tenho palavras já li e re-li tantas vezes cada linha..preciso de força como você...só mudou os nomes mas a historia...Deus é grande e me fez ler isto como grande aprendizado,
ResponderExcluirAnônimo...o intuito do blog é esse alertar pessoas que não sabem das patologias de co-dependência e madismo...lógico que existe muitas outras patologias, mas essas duas acometem muitas mulheres que não sabem que são portadoras de algo tão destrutivo...Deus em sua infinita misericordia por nós, nos direciona a procurar ajuda e meios para superarmos nossos transtornos psicológicos e voltar a seu ninho de cuidados e amor...
ResponderExcluirEu tbm toda vez que leio a história da Bel, me fortaleço, ela perdeu 25 anos de vida...eu apenas 11, a luta é diária, requer dedicação, esforço fisico e mental...Mas com Deus nos ajudando diariamente tudo fica mais fácil...
Anônimo eu não sei de sua história, vc apenas disse que se identificou com a da Bel...meu conselho é:1° passo buscar ajuda, 2° auxílio terapeutico, grupo de ajuda com pessoas que tem seu mesmo problema...cortar padrões enraizados...Vou tentar baixar o livro pra todos poderem adc aqui no meu blog...
Bjo e boa sorte...conte com minha humilde ajuda,ok?
Parabéns para essa guerreira !
ResponderExcluirSei como é essa luta diária! Parabéns. Pelo relato dá para notar que és uma excelente pessoa!
ResponderExcluir