sábado, 7 de março de 2015

Mulher gosta de Sexo?


Mulher e sexo sempre foi uma combinação que consideram negativa. Até existe a expressão ‘fogo no rabo’, apenas para o sexo feminino, que sugere que o desejo sexual das mulheres não é normal. Mas isso não foi sempre assim. Antigamente diziam que as mulheres tinham mais desejos sexuais que os homens. Existe até um mito grego que fala sobre isso. O desejo sexual feminino era visto como um sinal de sua razão e intelecto inferior. Elas eram as descontroladas e por isso deviam ser controladas por pais e maridos. Os homens que, segundo acreditava-se, não foram consumidos pela luxúria, tinham habilidades superiores de auto-controle e por isso eram adequados para ter posições de poder e influência.
Em 1891 surgiram relatos contrários a essa ideia acima, que afirmavam o que ouvimos hoje, de que a mulher não tem tanta necessidade de sexo, que muitas vezes a relação sexual é algo desagradável para ela, feito para conseguir aprovação ou para manter um relacionamento estável. A sociedade moldou um padrão que diz que é feio a mulher gostar de sexo. Já com os homens, a mudança em admitir apetite sexual teve uma conotação positiva. Eles não tiveram suas posições revogadas por serem os descontrolados. Virilidade é apreciada. Ao invés de serem julgados como irracionais, apareceram justificativas para validar o comportamento deles como: ‘É coisa de homem”, ‘Homem só pensa com a cabeça de baixo’, ‘É instinto’, etc. Amarrem suas cabritas porque “fulaninho” está a solta. Assim que ouvimos dos mais velhos, desde pequenos, como sinal de que é normal a falta de controle dos homens.
O que não mudou foi o machismo, que eu diria que nessa questão, infelizmente, aumentou, pois homens tem mais liberdade sexual, continuam nas suas posições e não são julgados como as mulheres por fazerem e assumirem publicamente que gostam de sexo. Não são chamados de vadios quando transam no primeiro encontro. Não acham que os homens são promovidos por terem transado com a chefe, e sim por competência. Saem como pegadores se ficam com várias, enquanto se as mulheres ficarem com vários, são vagabundas. As mulheres não acham que as roupas dos homens são um convite ao sexo. Etc, Etc. É, os privilégios deles aumentaram. Para as mulheres, os conceitos em ambos os momentos permaneceram negativos, pois antes os desejos eram admitidos e considerados como lascívia, sinal de irracionalidade, hoje (as maiorias) quando não assumem, são frígidas, e se assumem tranquilamente como os homens, são putas. Não há escapatória.
Nunca, nenhum homem puxou assunto sobre sexo comigo. Não que eu espere que qualquer desconhecido venha falar disso aleatoriamente, falo de amigos, que mesmo com intimidade só conversam se eu puxar assunto e não falam de igual pra igual. “Isso não é assunto para se falar com mulher”, já ouvi. Se eu faço sexo, sou heterossexual e gosto de falar sobre isso, qual o problema de eu e um homem próximos/íntimos conversarmos a respeito?
O que me impressiona nessa história é a mudança de crenças ter acontecido em tão pouco tempo (pouco mais de um século) e a amnésia que faz parecer que as ideias atuais foram as de sempre. O mesmo que aconteceu com a depilação, que embora pareça natural hoje, há menos de um século as mulheres não retiravam seus pelos. A associação rosa-menina e azul-menino não existia, e uma série de outras ideias que o patriarcado cuidou em implantar rapidamente nas nossas mentes para que pensássemos que tivesse sido assim desde que o mundo é mundo. Mas se não foram, concluímos nesse caso que o que se entende por quem gosta mais de sexo nada mais é que imposição cultural, pois a nossa natureza provavelmente não mudou tão drasticamente e em tão pouco tempo. E a cultura não pode nos impedir de ter desejos. Nossa cultura tem que promover nosso bem estar. O que mudou foi a forma de ver as coisas e consequentemente reagimos a isso.
Aposto na forma de ver as coisas igualmente, sem desconsiderar o contexto, pois conforme este estudo mostra as mulheres gostam sim de sexo e talvez até mais que os homens. Se seus desejos não machucam ninguém, não é vergonhoso assumi-los. Se tiverem vontade (quem sabe para experimentar, caso ainda não o tenham feito), vejam pornôs, conversem sobre sexo, transem no primeiro encontro, sejam donas de si. Homens, nada mais natural que as mulheres terem os mesmos direitos e deveres que vocês também nessa questão, não é? Espero que essa visão atual mude também a passos rápidos e que em breve todos possam ser mais felizes e realizados sexualmente.

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