quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Resenha.

Leitura, pensamento e escrita: ações indispensáveis a um bom profissional

Luciana Soares


Ler, Pensar e Escrever/ Gabriel Perissé- 4.
Ed. São Paulo: Arte e Ciência, 2004.
(Coleção Elementos de Criação Literária). 96 pág.


    O autor Gabriel Perissé, que é um professor universitário, poeta, editor e tradutor, desenvolveu este livro como um resumo realizado durante mais de dez anos de pesquisa e trabalho. Tudo isso para tentar auxiliar o leitor na busca pela experiência de encontrar-se com uma linguagem que permita buscar a sensibilidade na leitura e na maneira de escrever, como um autoconhecimento e identificação que buscam facilitar todo processo de aprendizagem.
    Em sua introdução, o autor já deixa claro que seu objetivo não é o de transformar quem o está lendo em um gênio sabe tudo, e sim o de colaborar para um crescimento cultural. Cada pessoa possui uma personalidade, e é por esse motivo que a maneira de escrever muda de autor para autor, cada um do seu modo e da sua maneira de se expressar. É necessário um foco, saber o que se quer dizer, o porquê se quer falar sobre um determinado assunto e em que ponto deseja chegar, pois pensando assim fica mais fácil desenvolver a escrita de forma espontânea.
    É preciso entender que ler, pensar e escrever são ações indispensáveis para uma boa formação intelectual. Uma coisa está sempre dependendo da outra, pois quem lê amplia seu vocabulário e seu conhecimento a respeito dos mais diversos assuntos, quem pensa consegue desenvolver os assuntos com mais profundidade e desdobramentos, e quem escreve tem a extrema necessidade dos dois aspectos anteriores para expor em suas palavras toda a intensidade e entendimento desejado.
    O autor começa abordando a questão da educação em nosso país, onde a maioria das pessoas não tem o hábito da leitura, e que durante o período de escola são obrigadas a lerem os mesmos livros para que na prova cheguem sempre aos mesmos resultados, e é aí que se encontra o grande erro, pois ler passa a ser considerado uma atividade chata e entediante. Outra questão é o local que escolhe para realizar uma leitura, principalmente para quem tem dificuldade em se concentrar, devido ao fato de que ler em um local barulhento, ou com pessoas conversando, música, alimentos atraentes por perto, ou até mesmo num quarto completamente silencioso, sentado na cama e escorregando aos poucos pelo travesseiro irá gerar uma dificuldade imensa na leitura. Porque assim ou a pessoa acabará dormindo, ou prestando atenção em algo a seu redor, ou irá ter fome, etc.     O ideal é que para realizar uma leitura, não esteja com fome e nem vontade de ir ao banheiro, não tenha pressa ou algum compromisso que não permitirá o sossego, e de preferência que a pessoa esteja sentada, com a coluna reta e em um local calmo, para que só assim possa entrar no mundo que aquele texto, ou livro deseja levar.
    É dada uma dica de ter sempre um lápis ou caneta na mão durante uma leitura, seja para anotar o que mais chamou atenção, ou o que obteve alguma dúvida, ou uma frase importante e significativa, algum conceito ou algo do tipo, pois dessa forma se está reforçando o que já leu e assim fica mais difícil esquecer o conhecimento adquirido ao longo do tempo, além de ajudar na memória fazendo com que os assuntos se fixem melhor na cabeça de cada um. E mais, para um entendimento completo e profundo, seria interessante ler duas vezes o mesmo livro, porque assim as idéias vão se reforçando, coisas que talvez tenham passado despercebidas da primeira vez aparecerão na segunda permitindo uma captação do que foi transmitido.
    O autor reforça que a leitura é indispensável no cotidiano das pessoas. O hábito de ler é capaz de fazer o ser humano um ser mutante, pois a cada leitura há uma transformação pessoal, um crescimento intelectual que permite que se conheçam lugares onde jamais se esteve, pontos de vista diferentes, culturas das mais diversas, explicações, a própria identificação com o que se está lendo, entre milhares de outras coisas que só tende a nos beneficiar com cada vez mais conhecimento. E para colaborar e incentivar a leitura, o autor dispõe como dica nomes de diversos livros considerados muito interessantes, relatando sobre o que se trata.
    Já no início do capítulo II (pág.39), o foco se volta para a formação intelectual. É preciso que haja interesse por trás do leitor em adquirir e sugar o máximo de informações possíveis a cada leitura, pois dessa maneira a pessoa terá uma rica bagagem de conhecimento para dar referências em seus futuros argumentos e convicções, e fazer com que essas não sejam extraídas ‘do nada’, e sim fundamentadas em algo que já foi comprovado ou estudado por alguém.
    É explicado que esse interesse em aprender coisas, fará com que se gerem outras dúvidas, nas quais deve se fundamentar e criar perguntas com o objetivo de investigar e chegar naquilo que se deseja, e em seguida, ir à busca das respectivas respostas, o que poderá gerar outras perguntas, e assim sucessivamente. O conhecimento é ilimitado, e as perguntas são a base de tudo, pois sem elas a aprendizagem pode ser superficial. Eis o motivo da importância das dúvidas, necessariamente sempre tão bem-vindas. Como o trecho do livro (pág. 49) diz:
“Dentro ou fora de nós, o fato é que há coisas por conhecer. E o instrumento é a pergunta.”  

    Porém, na segunda parte do capítulo II o autor faz um alerta. É preciso saber escolher onde encontrar as respostas para as perguntas, o que pode não ser tão simples assim. É necessário saber pensar para se encontrar as verdades, e entender que essas verdades podem ter dois lados. Cada pessoa possui um ponto de vista, uma verdade, que pode ser contrária à de outra pessoa. Por isso deve-se averiguar as respostas encontradas, pesquisar mais, apurar outras opiniões, antes de acreditar logo de primeira no que foi respondido. O autor cita que encontrar pessoas sábias para responder às dúvidas não é uma tarefa difícil, o problema é que está muito fácil encontrar falsos sábios.
    Na terceira parte do capítulo II (pág. 58) o autor expõe os dois tipos de verdade existentes. As verdades práticas, que fazem parte do cotidiano, com as quais convivemos desde o nascimento, passadas de pai pra filho, baseadas nas evidências e vivência. E as que surgem diante do crescimento científico e civilizacional. Onde se identifica os lados da prática e da teoria, pois para fazer algo é preciso que se saiba fazer.
Na primeira parte do capítulo III (pág. 71) o autor reforça a idéia do saber escrever. Explica que é preciso saber o porquê e para quem se quer escrever, e a partir daí começar a treinar. A prática da escrita faz com que ela vá se aperfeiçoando, se tornando espontânea, aplicando nas palavras a própria personalidade e podendo obter como consequência um estilo característico e um perfil de linguagem próprio.
    Já na segunda parte (pág. 77) ele aborda a questão do rascunho, o ponto de partida. Em seguida, é interessante revisar, para ir moldando e aprimorando o texto de acordo com o desejado. Pois o ato de escrever é uma arte, na qual é necessária a autodisciplina e exigência. A preguiça deve ser deixada de lado para aflorar a inspiração e criatividade. Assim como o trecho do livro (pág. 80) diz

“Escrever é isso: um esforço de criação, uma aventura, um processo de elaboração do caos, uma evolução do rascunho à formulação mais perfeita possível.”

    Por fim, escrever é um ato de total responsabilidade, pois se está transmitindo uma idéia ao leitor, que independente de quem seja, merece toda sinceridade e fidelidade possível. Escrever permite sonhar e fazer com que os outros vivam aquele sonho, permite informar e defender idéias, permite expressar emoções e sentimentos que só as palavras tem o poder de descrever. Cabe ao escritor saber dar harmonia a essas palavras para transmiti-las do melhor modo. Essa foi a intenção do autor durante todo o livro, fazer com que seus leitores aproveitassem as dicas e que façam o melhor de si.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

As Mais Lidas da Semana

Desopilando o fígado - Sobre Depressão.

Vale dos suicidas... Eu sei bem que a vida não é fácil...sei tbm que em alguns momentos, nós temos esses pensamentos de morte (eu já t...