Para entendermos com clareza as funções da linguagem, é bom primeiramente conhecermos as etapas da comunicação.
Ao contrário do que muitos pensam, a comunicação não acontece somente
quando falamos, estabelecemos um diálogo ou redigimos um texto, ela se
faz presente em todos (ou quase todos) os momentos.
Comunicamo-nos com nossos colegas de trabalho, com o livro que lemos,
com a revista, com os documentos que manuseamos, através de nossos
gestos, ações, até mesmo através de um beijo de “boa-noite”.
É o que diz Bordenave quando se refere à comunicação:
A comunicação confunde-se com a própria vida. Temos tanta
consciência de que comunicamos como de que respiramos ou
andamos. Somente percebemos a sua essencial importância
quando, por acidente ou uma doença, perdemos a capacidade
de nos comunicar. (Bordenave, 1986. p.17-9)
No ato de comunicação, percebemos a existência de alguns elementos, são eles:
a) emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo de pessoas).
b) mensagem: é o contéudo (assunto) das informações que ora são transmitidas.
c) receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um indivíduo ou um grupo), também conhecido como destinatário.
d) canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida.
e) código: é o conjunto de signos e de regras de
combinação desses signos utilizado para elaborar a mensagem: o emissor
codifica aquilo que o receptor irá decodificar.
f) contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.
Partindo desses seis elementos, Roman Jakobson, linguista russo, elaborou estudos acerca das funções da linguagem, os quais são muito úteis para a análise e produção de textos. As seis funções são:
1. Função referencial: referente é o objeto ou
situação de que a mensagem trata. A função referencial privilegia
justamente o referente da mensagem, buscando transmitir informações
objetivas sobre ele. Essa função predomina nos textos de caráter
científico e é privilegiado nos textos jornalísticos.
2. Função emotiva: através dessa função, o emissor
imprime no texto as marcas de sua atitude pessoal: emoções, avaliações,
opiniões. O leitor sente no texto a presença do emissor.
3. Função conativa: essa função procura organizar o
texto de forma que se imponha sobre o receptor da mensagem,
persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens em que predomina essa função,
busca-se envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a
adotar este ou aquele comportamento.
4.Função fática: a palavra fático significa “ruído,
rumor”. Foi utilizada inicialmente para designar certas formas usadas
para chamar a atenção (ruídos como psiu, ahn, ei). Essa função ocorre
quando a mensagem se orienta sobre o canal de comunicação ou contato,
buscando verificar e fortalecer sua eficiência.
5. Função metalinguística: quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu próprio referente, ocorre a função metalinguística.
6. Função poética: quando a mensagem é elaborada de
forma inovadora e imprevista, utilizando combinações sonoras ou
rítmicas, jogos de imagem ou de ideias, temos a manifestação da função
poética da linguagem. Essa função é capaz de despertar no leitor prazer
estético e surpresa. É explorado na poesia e em textos publicitários.
Essas funções não são exploradas isoladamente; de modo geral, ocorre a
superposição de várias delas. Há, no entanto, aquela que se sobressai,
assim podemos identificar a finalidade principal do texto.
Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
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