quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A morte de uma ilusão e a capacidade de seguir em frente

por Mirtes Carneiro - mirtes@ajato.com.br





Às vezes, a morte de uma ilusão dói tanto quanto a perda real de algo ou de alguém.
Quando descobrimos que não vamos poder realizar alguma coisa que gostaríamos muito, algo vai se definhando em nós. Assim, vamos nos aventurando a escolher outras alternativas, sim porque é uma das dádivas do humano: a capacidade de seguir em frente. Esta energia de vida que nos impulsiona é como uma força nutriz e motriz que não nos abandona enquanto houver vida.
Pode parecer, no primeiro momento que esta dor é muito difícil de suportar, e eis que, aos poucos, começa um novo amanhecer. Esta manhã não será como as outras, será uma manhã nova, com aquela ilusão se esvaindo, ficando mais tênue, assim uma nova possibilidade se abre, uma possibilidade mais real.
A realidade pode ser diferente daquilo que imaginamos, e muitas vezes o que nos impede de viver a realidade como tal é justamente a névoa causada pela ilusão. Esta obscuridade se dá pelo desejo de realização de forma imperativa, o que faz com que desconsideremos a realidade.
A dificuldade de estar no agora, a preocupação com o futuro, ou mesmo a lamentação pelo passado são formas ilusórias de se viver. Só temos condições de fazer algo no presente.
Assim, a melhor forma de estar no agora é responder à realidade. Os próprios acontecimentos são os norteadores de nossas ações. Se ainda não aconteceu, como é que eu vou responder àquela questão? Só pode ser pela imaginação, e em se tratando de imaginação, o céu é o limite. Certo, podemos imaginar o bem assim como podemos imaginar o mal. Se optarmos por escolher imaginar o bem, ótimo, mas ainda assim, temos que nos ater aos acontecimentos reais, para que estejamos com "os pés na terra".
Muitas vezes, a realidade se mostra por demais pesada, sofrida, e buscamos uma válvula de escape para continuar vivendo.
O processo terapêutico pode ajudar muito nestes momentos, pois se trata exatamente de verificar a nossa forma de lidar com a realidade, e para isso é necessário questionarmos nossas atitudes, pensamentos, ações. A nossa forma de lidar com os fatos da vida, os bons e também os ruins, se expressa também pela nossa linguagem. E é através da linguagem que vamos questionando, ajeitando, construindo uma forma adequada de lidar com os fatos.
Ao longo da vida, tendemos a repetir padrões de comportamento que muitas vezes são inconscientes para nós. O processo terapêutico visa lançar luz nestes automatismos para que possamos escolher e nos responsabilizar pelas nossas escolhas. A escolha consciente, seja ela qual for, é o objetivo que se busca alcançar na terapia.
A morte de uma ilusão pode doer, sim, e muitas vezes isto acontece ao longo da análise. E, a partir daí, é possível nascer um ser muito mais real, mais pronto para lidar com a vida, de forma mais autônoma, apesar das frustrações e sofrimentos.

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Rô Carvalho

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