domingo, 19 de fevereiro de 2012

Desilusão Amorosa


Desilusão Amorosa

:: Osvaldo Shimoda ::

A Verdade Vos Libertará.
Jesus Cristo

O grande mestre Jesus dizia que a verdade nos liberta e o contrário, a ilusão (mentira, distorção), nos aprisionam. Ele dizia que para sair das trevas (ignorância) bastava acender a luz (verdade, consciência, conhecimento). O mestre estava certíssimo, assino em baixo diante de sua máxima A verdade vos libertará.
No entanto, a grande questão, o grande desafio é tirarmos as nossas ilusões, isto é, as vendas de nossas olhos e enxergarmos a verdade, a realidade dos fatos. O dito popular A verdade dói reflete a dificuldade do ser humano em entrar em contato com a ela, com a realidade de sua vida. Muitos preferem dormir profundamente na cama da ilusão; e se você tentar acordá-los, vão ficar aborrecidos e até mesmo agressivos.
A grande magia dos sábios é que eles têm o dom de não ver a vida através da ilusão. Isso é resultado de um trabalho interior intenso através da prática do autoconhecimento.

Muitas pessoas não estão prontas para a verdade porque não foram educadas para tal. Fomos ensinados que vale mais mentir do que falar a verdade. Neste sentido, somos profundamente desonestos para conosco mesmos. Ora, porque começar a dieta na 2ª feira? Quem quer realmente emagrecer, não posterga a sua dieta, começa agora, imediatamente. Em verdade o procrastinar, isto é, adiar, é um mecanismo de defesa psíquica para se evitar algo que nos seja desagradável ou que nos ameaçe.

Muitas pessoas obesas se utilizam da gordura para se protegerem contra o desafeto, a crítica e a desconsideração afetiva. Fazer dieta, portanto, iria tirar o seu escudo protetor (a gordura).
Desta forma, o que a maioria dos obesos alega é que não conseguem fazer ou manter uma dieta. Na verdade, não é que não conseguem, no fundo eles não querem. A justificativa de não conseguir é uma defesa para preservar sua integridade emocional.
O mesmo ocorre na área amorosa. Muitas mulheres buscam minha ajuda no consultório alegando que não conseguem ter sucesso amoroso. A justificativa é que só aparecem em suas vidas homens comprometidos, problemáticos, com dificuldades financeiras e que não querem se envolver.

Em verdade, em muitos casos, tal insucesso é conseqüência do medo da intimidade, isto é, do medo de se envolver e acabar novamente sofrendo uma desilusão amorosa. E, por conta desse medo, inconscientemente essas mulheres selecionam homens não disponíveis, problemáticos, que também têm medo de se envolverem. Uma vez que não se envolvem, não correm o risco de sofrerem uma nova decepção amorosa. Desta forma, é necessário desarmar os mecanismos auto-sabotadores que as impedem de amar. Para isso, é preciso identificar em seu passado a experiência traumática que originou o seu problema amoroso.
Uma pessoa saudável é aquela que vive intensamente o momento, por que não está presa ao passado. Ela tem um contato amplo com a realidade. Quanto mais uma pessoa se adapta à realidade presente, mais saudável ela é.
Por outro lado, a pessoa desiludida quer continuar se realimentando de seu passado ou coloca a sua felicidade no condicional. Exemplo: Só serei feliz se encontrar a minha alma gêmea.
E se esse momento não chegar?
O que você tem deixado de fazer por causa dessa condição?
Toda felicidade presente se inviabiliza quando você fica presa(o) rigidamente a esse sonho.

Quando a gente coloca uma série de condições para ser feliz, não usufruímos a vida.
Neste sentido, a terapia de vidas passadas pode ser um instrumento muito eficaz para fazer o paciente se desvincular das amarras de sua ilusão.
Em muitos casos, o simples fato do paciente recordar e revivenciar uma experiência traumática de seu passado, seja desta ou de outras vidas, que originou o seu problema atual, resulta em cura emocional.

Leia a seguir o caso de uma paciente que se submeteu à terapia de vidas passadas e se libertou de sua ilusão.

Caso Clínico:
Tristeza profunda

Mulher de 30 anos, solteira, veio ao meu consultório por sentir uma tristeza profunda. De manhã, ao acordar, freqüentemente sentia essa tristeza.
Muitas vezes, esse sentimento perdurava o dia todo. Ela sentia também essa tristeza quando ouvia uma música romântica, em especial canções italianas. Quando ouvia essas músicas, vinha o pensamento: Eu ainda vou reencontrar a minha alma gêmea que deixei atrás.

Quando estava aprendendo a andar (com 1 ano e 5 meses), teve paralisia infantil (poliomielite) e, com 7 anos, sofreu uma atrofia muscular nas pernas, que a deixaram manca. Sentia-se discriminada quando alguém a chamava de aleijada e isso a incomodava muito. Nunca se conformou com a sua deficiência física. Dizia que não tinha motivo para sentir alegria. Queria entender também o porquê de tudo vir difícil em sua vida.
Ao regredir me relatou: Estou num jardim muito bonito. Existem flores azuis, mulheres bonitas vestidas com roupas bem leves. Sinto que existem homens também, mas não consigo vê-los.

Peço para que ela prossiga na cena.
O lugar é muito bonito... Vejo agora um homem moreno, alto, cabelo preto, bem penteado. Ele diz que vou ter que voltar a essa vida terrena e que vai me ajudar. Ele diz também que vou ter que consertar tudo o que fiz de errado na existência passada.
É por isso que eu preciso retornar à vida terrena, mas que eu não iria ter nada do que eu tive: dinheiro, conforto, uma vida boa.
Diz que vou ter que lutar muito para ter tudo de novo. (pausa). Mas o que mais me incomodou em sua fala foi quando ele disse que eu teria que vir diferente dos outros: aleijada! Isso doeu muito (paciente começa a chorar), mas ele disse que sempre estará comigo.

Eu brigo com ele e lhe digo que não quero voltar nessas condições. Meu coração ‘Dói muito’ porque não quero voltar como aleijada. Eu não quero! ( Fala com raiva).
Ele diz que vai me ajudar, mas eu não quero. Ele diz que eu preciso consertar o que fiz e que vai ser melhor para mim. Digo que não... Ele cansou de falar comigo, está indo embora... Agora sumiu tudo: O jardim, as pessoas...
Está tudo escuro... Eu não vejo nada. Sinto essa dor no coração.
- Pergunte para esse homem (o mentor espiritual) como você pode tirar essa dor no coração - Peço à paciente.
Ele fala que o caminho é eu me aceitar, mas me aceitar como? (pausa)
Ele diz: ‘Gostar de mim como eu sou, diferente de todo mundo: um lado mais fino, uma perna mais curta e o outro lado mais grosso. Você veio como aleijada porque em todas as outras encarnações não fez nada de bom para ninguém.
Veio com esse defeito físico para aprender a valorizar mais as coisas que têm. Note que nesta vida atual, até mesmo para andar teve dificuldades.
Isso ocorreu para você valorizar as suas pernas. No plano espiritual, sabendo que iria passar por tudo isso, você retardou a sua vinda. Não queria vir (pausa).

- Pergunte ao seu mentor espiritual prosseguir em seu relato, peço à paciente.
“Ele diz que tive 5 existências, mas todas inúteis porque fiz muitas coisas não certas. Na existência anterior a essa (vida atual), o meu propósito de vida era ajudar as pessoas que eu tinha prejudicado. Mas eu fiz o contrário. Apesar disso, ele diz que está sempre comigo, me ajudando”.

- Pergunte ao seu mentor espiritual quem ele é? Peço-lhe.
“Ele diz que já esteve comigo numa vida passada e que eu já o vi num sonho na vida atual (paciente confirma que recorda do sonho). Ele está tirando a minha ilusão. Diz que eu achava que iria reencontrá-lo aqui na minha vida atual. Mas ele me diz que não será desta vez que iremos nos reencontrar”. Paciente chora copiosamente e me diz soluçando: “Ontem eu senti essa dor no coração porque no fundo eu sabia que na regressão de hoje eu iria recordar que não me aceito, que ninguém iria me amar de verdade. Eu sabia da existência de minha alma gêmea que deixei para trás. Mas agora sei que não vou reencontrá-la aqui”.

De que forma você pode se aceitar? Pergunto à paciente.
“Cuidando mais de mim. Eu não gosto nem de me ver no espelho. Eu não preciso ter toda a vaidade que tinha na vida passada. Era muito rica, bonita, vaidosa, mas prejudiquei muita gente.
Eu só pensava em mim. Prejudiquei muitas famílias porque eu era muito rica, poderosa. Não admitia ser contrariada por ninguém. Eu perseguia, a ponto da pessoa ficar na miséria. Hoje na vida atual, não suporto roupas de seda, cetim. Eu já gostei muito dessas coisas, nessa vida passada (pausa).
Ele (o mentor espiritual) diz que me ama, me ama muito.
Me fala para não errar de novo e que ele está sempre comigo.
A minha dor no coração passou. Não a sinto mais”.

Na sessão seguinte a paciente me relatou que foi muito difícil aceitar a revelação de que não iria se reencontrar com ele na vida atual. Mas no decorrer da semana isso foi se dissipando.
No entanto, o que mais me surpreendeu foi que aquela tristeza profunda que a paciente sentia não existia mais desde aquela sessão. Houve também uma acentuada melhora no seu nível de bem-estar.

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