segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sim, existe amor depois da separação!!!!!!!!!!!

Em se tratando de amor


No cinema, na literatura e na vida real -, o capítulo mais complexo é sempre o da separação. É também o mais delicado, o mais doloroso e, dizem os especialistas, o que melhor prepara para um romance. "Aprender a amar começa, inevitavelmente, com separações", afirma o psicanalista Luiz Alberto Py, que lançará em 2006 o livro DAS SEPARAÇÕES AO AMOR (ED. ROCCO). "No erro e no fracasso de uma relação, temos a idéia do que fazer para acertar na próxima tentativa." Para quem está passando maus bocados com o fim de um casamento, certamente não é fácil pôr o foco no futuro.Quando o marido bate a porta, a sensação não é apenas de que o projeto a dois acabou, mas de que tudo chegou ao fim, tudo morreu.Com filhos para criar, contas para pagar e sem parceiro para dividir o dia-a-dia, a mulher conclui que nunca mais terá espaço para si. Em geral, fica a impressão de que só o ex é feliz. "Um divorciado volta a ser solteiro, é um homem livre", diz a vendedora Lídia Sabuge Gomes, 39 anos, sozinha há três. "De casa nova, amigos novos, ele está pronto para mais uma aventura. Já a descasada terá de convencer o pretendente de que as crianças vão junto - pesa como desvantagem", afirma Lídia. Esse é um raciocínio precipitado, elaborado com um pezinho no ciúme e outro na dor. A reconquista da felicidade depende só de alguns rearranjos. O primeiro deles está ligado à aceitação da dor. "É necessário viver a perda, deixar que o luto pela morte do amor tome conta do coração. É ótimo preventivo contra crises futuras", diz Py, que acha preferível a amargura ao limbo das emoções.

Entre quatro divorciadas que se reúnem às quartas numa choperia do bairro paulistano de Moema, o astral é de quem já saiu do limbo e da amargura. "Uma das melhores coisas foi voltar a pronunciar as doces palavras 'meu namorado' ", relata a advogada Mirtes de Souza, 40 anos. "Para mim, as vantagens são a conta bancária individual e liberdade para viajar para onde quiser quando as crianças ficam com o pai", resume a técnica em informática Ana Lúcia Borges, 43 anos. "O bom é transar de luz acesa", brinca a comerciante Tânia de Paula, 38 anos. Se o assunto muda para o campo do sentimento profundo, o amor, o placar fica assim: as duas primeiras encontraram um par, a terceira ainda resiste e a última, a professora Rô Haddad, 42 anos, está na busca. Ela aprendeu uma lição: "É possível amar outro homem mesmo ainda amando 'aquele'. A gente não precisa esperar a liquidação da fatura do casamento para começar a olhar para o lado". Sua fala termina sob palmas.

Por que é tão difícil vencer uma separação? O filósofo francês Gilles Lipovetski, analisando a importância que se dá ao casamento, concluiu que hoje, mais do que nunca, ele representa uma tentativa de atingir a eternidade. No mundo contemporâneo, em que tudo é volátil, há necessidade de correr atrás daquilo que dura, que marca. Isso justificaria altos investimentos nos rituais, da festa à lua-de-mel. "Tudo fica documentado nas fotos e na memória. O homem recorre a elas sempre que quer se lembrar de quem ele é", diz Lipovetski. Segundo o filósofo, essas aspirações - guardadas as proporções e o estofo financeiro para realizá-las - são as mesmas nas classes alta, média e nas favelas. Do casamento, decorrem planos de ter filhos e estar acompanhado até o fim dos dias: então, ver a "eternidade" ruída é profundamente frustrante.

O filósofo paulistano Mario Sergio Cortella, autor de NÃO ESPERE PELO EPITÁFIO... (ED. VOZES NOBILIS), traz a discussão para o feminino. "A mulher vive isso de forma mais dura, porque ela foi formada para ser a acolhedora maternal. Na separação, ela se vê como uma fracassada." Foi o que sentiu a pedagoga Tereza Russo. "O fim do casamento se refletiu assustadoramente nos meus filhos. Ao vêlos chorando, acreditei que havia errado." Além de não poder poupar as crianças, Tereza enfrentou mais um desconforto: "Havia um certo vazio em mim". Na explicação de Cortella, a perda não pesa apenas sobre quem é abandonado e traído, mas sobre qualquer um que vê seu projeto se desfazer. "Quando você perde alguém, vai junto um pedaço de si, um modo de se olhar."A instrumentadora cirúrgica Sandra Malentacchi, 43 anos, percebeu que havia colado os cacos quando conseguiu jogar no lixo o travesseiro do ex-marido, que ela mantinha intacto, na cama, seis anos após a separação. Ele me trocou por uma funcionária de 19 anos e me fez sofrer muito. Até namorava, mas não conseguia me ligar a outro homem, acreditava que a qualquer momento meu ex poderia entrar em casa, cheio de saudade." No aniversário do filho, ele reapareceu e Sandra o convenceu a ficar. "Fizemos sexo, mas ele tinha se tornado um estranho." Cortella recorda o que ensinam os chineses: "Não se deve voltar a um local onde se foi feliz um dia. A razão é simples: você não está mais lá". Sandra já estava mesmo em outra. Tinha estudado, aprendido uma profissão e desenvolvido a autoconfiança. "Foi a minha libertação." No momento, namora um empresário baiano.

Sair da solidão do divórcio requer empenho. "Quem deseja encontrar um parceiro deve se arriscar", afirma Cortella. "Ou melhor, como dizia o educador Paulo Freire, deve esperançar." O verbo - analisa ele - é o oposto de esperar. "Seu significado é ir atrás, buscar. Lembre-se de que você rompeu um casamento e sobreviveu. Se compreender que não se morre disso, estará quase pronta para dar o primeiro passo." A psicóloga Beatriz Araújo, terapeuta de casais e de família, sugere que você comece a busca derrubando o mito do amor romântico. "A mulher não pode acreditar que ela só existe porque o companheiro a abastece. Quando ele vai embora, ela acha que sua segurança parte junto." É verdade que, numa parceria rica, um desperta as qualidades do outro. "Mas ninguém dará ao par o que ele não tem na sua essência." Ao se ver sozinha, faça um exercício. "Retome coisas que você fazia antes de casar e outras que abandonou porque o casal se acomodou." Beatriz aposta que descobrirá programas que podem ajudá-la a se tornar uma pessoa autônoma e, claro, preparada para viver uma nova história de amor.

Meu terceiro casamento

Casei aos 24 anos, me separei aos 30. Tínhamos diferenças. Para resumi-las: ele queria comprar um sítio, eu conhecer Paris.Às divergências se somavam a grana curta, as dificuldades para nos firmarmos na carreira e a adaptação à chegada do filho. No segundo casamento, supus ter encontrado o homem da minha vida. Ele me levou para Paris. Mas não quis traçar um projeto de casal. Entrou na minha casa, se acomodou sem ambicionar o futuro.Vinha de um casamento com dois filhos e não se animou a ter um bebê comigo. Não deu certo, acabei impondo que saísse de casa. O fim doeu bem mais. Já estava com 40 anos. Acreditei que não seria capaz de refazer a vida. Dois anos depois, entrei num site de relacionamentos e encontrei um par perfeito. Vamos nos casar em abril, com muitos planos felizes. Sei que vou me decepcionar, brigar... mas faz parte do pacote da maturidade. Suzana Lisboa, 44 anos, bióloga.

Página virada

No livro DAS SEPARAÇÕES AO AMOR, o psicanalista LUIZ ALBERTO PY orienta como começar de novo .

1) Demora, mas a dor passa. Nessa fase, não se apresse em substituir o ex. As novas possibilidades ficam sujeitas às comparações. O fantasma do antigo cria uma sombra sobre o futuro.

2) Você tem certeza de que não merece o que está vivendo. Ninguém merece. Mas quase todas as pessoas levam um fora. Para não piorar a situação, rejeite o papel de vítima e evite mendigar.

3) Aceite a realidade, mesmo que a tarefa seja penosa como sobreviver a um naufrágio. É natural passar por estágios de negação, revolta, ódio e depressão até chegar à aceitação.

4) Perdoe. O perdão dissipa a raiva e os sentimentos negativos e deixa o coração mais leve.

5) Humildade é importante. A dor aumenta quando você se deixa guiar pela vaidade. Acreditar que está sendo vista como uma fracassada retarda a superação dos problemas. Livre-se do orgulho.

6) Preserve o amor dentro de você. Não deixe que a tristeza e a amargura apaguem o que viveu. Cultive a gratidão pelos bons momentos.

7) Faça a eutanásia da paixão. Uma história que se tornou inviável precisa ser eliminada. Retire, dia após dia, a importância que deu à pessoa a quem admirou. Esse terreno será fértil.

8) Antes de tomar qualquer atitude, pense nos seus filhos. Eles também sofrem, estão juntos nessa empreitada e merecem prioridade.

9) Enterre os mortos, feche os portos e cuide dos vivos." Foi o que determinou o Marquês de Pombal, em 1755, depois de um terremoto em Lisboa. Quando estiver no olho do furacão, lembre-se do marquês. Sepultar os mortos é parar de deplorar a tragédia e de se recriminar por ela. Fechar os portos sugere impedir que novos problemas apareçam enquanto você cura as feridas; é manter o foco na reconstrução. Cuidar dos vivos quer dizer tomar conta do presente, ter cautela com o que sobrou, valorizar o que há de bom em sua vida.

Um comentário:

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