quinta-feira, 28 de julho de 2011
Perguntas e respostas sobre co dependencia emocional.
1 - Mini currículo
Rita Maria Brudniewski Granato. 55 anos. Psicóloga Clínica Exerço a maior parte de minhas atividades em consultório particular, no Rio de Janeiro, Barra da Tijuca.
Sou Psicóloga Clínica há mais de 30 anos, com formação Psicanalítica e com especializações nas áreas de Psicologia Clinica, Hipnose e Terapia Floral. Escrevo artigos para revistas eletrônicas e sites (ex: www. somostodosum.com.br ).
2 - O que é dependência emocional?
É um padrão persistente de necessidades emocionais insatisfeitas, vindas da infância,que tentam se satisfazer desadaptativamente com outras pessoas
3 - Como saber se o sentimento representa apenas sinais de afeto e carência ou se transformou em dependência emocional?
Suas relações são exclusivas e “parasitárias”. A necessidade do par, ou do amigo, filho, etc. é realmente uma dependência ,como se produz nas pessoas que usam drogas,o que gera no outro um sentimento de ser invadido ou absorvido. O dependente quer dispor continuamente da presença da outra pessoa como se estivesse “enganchado” a ela. Procurará continuamente ao seu par no trabalho, pedindo que renuncie sua vida privada para que estejam mais tempo juntos, demandando sempre a ela atenção exclusiva e sempre lhe parecerá insuficiente. Esta possessão ou domínio é uma tremenda necessidade de afetiva
4 - Existem tipos de dependência emocional? Quais seriam eles?
Não existem tipos de dependência e sim uma variação no grau desta dependência, isto é podem existir qualidades diferentes de dependência e não quantidades. Quem é dependente emocional o é.
5 - Quais as atitudes que sinalizam dependência emocional por parte da mulher?
Tanto na mulher como no Homem as características são as mesmas. Aqui exporei algumas:
a) Necessidade excessiva de aprovação pelos demais
b) Gostam de relações exclusivas e parasitárias
c) Seu desejo de ter um parceiro é exageradamente grande
d) Geralmente adota posições assimétricas nas relações, como a subordinação
e) Essa subordinação é uma forma de controle do outro, se dá para receber, assim acha que manter a relação.
f) Não consegue preencher o seu vazio interior com a relação, apenas o atenua.
g) O fim da relação se torna um verdadeiro trauma, logo procura outro parceiro com o mesmo ímpeto
6 - Qual é o perfil de mulher que ama demais?
A mulher que ama demais esta acostumada com aspectos e comportamentos negativos, e ela estará mais confortável com eles que com seus opostos. Ela terá os mesmos sentimentos e enfrentará os mesmos desafios que encontrou ao crescer: ela é capaz de reproduzir a já tão conhecida atmosfera da infância e usar os mesmos artifícios nos quais tem tanta prática. Mesmo que seu comportamento não seja correto e que seus sentimentos sejam desconfortáveis, é o que ela conhece melhor. Ela tem aquela sensação de pertencer ao homem que a permite, como sua parceira, dançar o que ela conhece melhor. È com ele que decide tentar fazer o relacionamento dar certo, reeditando um relacionamento destrutivo. Restabelecendo e experimentando novamente relacionamentos infelizes, numa tentativa de torná-los controláveis, para dominá-los.
7 - Qual a origem do problema?
Na literatura cientifica, os fatores ambientais são a condição necessária para o desenvolvimento da dependência emocional. Para vários autores e correntes psicológicas, as experiências infantis fazem um papel transcendental na constituição psicológica do individuo.
As primeiras experiências afetivas de um dependente emocional na maioria dos casos foram frustrantes, insatisfatórias, frias, menos preciadoras, etc. Os dependentes não foram, em sua maioria, adequadamente queridos e valorizados por pessoas significativas. Conseqüentemente estas primeiras experiências formaram no individuo esquemas cognitivos e emocionais , como: pobre auto conceito, idealização dos “objetos” amorosos , a busca das necessidades insatisfeitas nesses “objetos”, a submissão como estratégia para evitar o abandono, a idéia do amor como apego obsessivo e a admiração excessiva no lugar de um intercambio de afeto, etc.
8 - Há cura para a dependência emocional? Qual seria a solução?
Em minha experiência clínica e na literatura pode-se dizer que há uma recuperação de um dependente emocional. Não falaria em cura, pois podem haver recaídas. É necessário um trabalho constante e persistente, tem de existir um compromisso total com ele mesmo, com sua recuperação. Eu recomendaria para essa recuperação Psicoterapia, Grupo de Auto Ajuda (MADA, CODA, etc.), literatura, Terapia Floral e se necessário medicação alopática, através do atendimento de um Psiquiatra.
Recomendo também o livro “Mulheres que amam demais” Como vencer sua dependência do homem errado e mudar para melhor. Robin Norwood.
9 - O que fazer quando se é vítima de um dependente emocional?
Quando você é “vitima” de um dependente emocional, pode ser que você também seja um dependente, pois parece ter medo da mudança, de renunciar. Não acredito que exista vitimas de algo ou de alguém, e sim escolhas de ficar ou não em qualquer relação. Essa “vitima” tem de se conhecer melhor também, quem sabe até fazer um acompanhamento psicológico também.
10 - O que é o amor saudável?
Esta pergunta é muito complexa, é tema para congressos e muitos livros, mas colocarei algumas características: companheirismo, valores, interesses e objetos básicos em comum. Tolerância as diferenças individuais, confiança e respeito mutuo. Ser no relacionamento mais inteiramente expressivo, produtivo e criativo. Experiências são compartilhadas com alegria. Há uma construção e não uma destruição. Sentimentos relacionados : Serenidade,Coragem, Sabedoria.
11 - Considerações finais.
Erich Fromm escreveu: “SE UM INDIVIDUO É CAPAZ DE AMAR DE MODO PRODUTIVO, ELE SE AMA TAMBÉM; SE CONSEGUE AMAR APENAS OS OUTROS, NÃO CONSEGUE AMAR DE MODO NENHUM” (Livro: “A arte de amar”).
Infelizmente, a grande maioria de pessoas optará por continuar praticando o vício de amar demais, procurando pelo parceiro mágico que as fará felizes, como um usuário de drogas, ou aperfeiçoar o parceiro com quem estão.
Parece muito mais fácil e familiar continuar procurando por uma fonte de felicidade fora de si mesmo do que praticar a disciplina que se requer para construir os próprios recursos internos, do que aprender a preencher o vazio de dentro, ao invés do vazio de fora. Mas para vocês espertos o bastante, esgotados, desesperados para quererem melhorar, ao invés de consertar o parceiro com quem estão ou encontrarem outro, para aqueles que realmente querem se MODIFICAR existe todo um trabalho a ser feito. É trabalhoso recuperar-se de uma dependência emocional como é recuperar-se de uma dependência química (de drogas e álcool) Mas essa recuperação pode ser muito importante a ponto de decidir entre a vida e a morte.
Este é um tema bastante complexo, aqui coloquei parte somente. Dedico-me a esse tema, pois percebo a necessidade de conscientizar e até às vezes aliviar determinadas pessoas que desconhecem que amar demais é uma patologia e que pode destruir por completo suas vidas.
Dra. Rita Granato
Psicóloga Clínica
por Rita Maria Brudniewski Granato - ritagranato@ritagranato.psc.br
Sua metodologia atual de trabalho combina diversas áreas da Psicologia tradicional e moderna, com resultados altamente eficazes comprovados pela recuperação de centenas de pacientes ao longo dos seus mais de 30 anos de profissão Especializou-se em atendimento a adultos, adolescentes, crianças, casais e família.
Lido 11785 vezes, 145 votos positivos e 1 votos negativos.
E-mail: ritagranato@ritagranato.psc.br
Assinar:
Postar comentários (Atom)
As Mais Lidas da Semana
Desopilando o fígado - Sobre Depressão.
Vale dos suicidas... Eu sei bem que a vida não é fácil...sei tbm que em alguns momentos, nós temos esses pensamentos de morte (eu já t...
Nenhum comentário:
Postar um comentário