quarta-feira, 20 de março de 2013

Partilha de Uma Mada.

Carta de uma Mada (o nome foi privado para sua segurança e sua privacidade)


Enviada por e-mail e com autorização de publicação no Blog Codependentes Emocionais.
• Meu nome é ESTUPIDEZ, isso mesmo amiga, pode me chamar assim, pois sou sempre uma estúpida com meus sentimentos.
• Minha história é como o de outras companheiras, mas hoje precisei vomitar minha dor e minha angustia para o mundo. Ninguém irá mesmo saber quem sou. Até porque hoje me sinto um nada.
• A alguns anos atrás coloquei em minha vida, um homem que veio sem eu menos esperar, e sem também procurar, pois naquele momento eu nem queria ter tido alguém na minha vida, mas acho eu devido a carência, maldita carência coloquei ele no posto de meu namorado/marido/amante. Aquele momento que vivia era de extrema necessidade de ter alguém na minha vida, estava só a pelo menos um ano, pois havia rompido um relacionamento de uma forma muito trágica e dolorosa, o namorado anterior, havia me deixado na lama da pobreza, havia me deixado com um arrombo financeiro gigante, e arrombou também minha vida sentimental, Eu estava naquele momento fragilizada, carente, insegura, e tentando me reerguer profissionalmente, detalhe que, eu de proprietária de uma empresa, passei a ser empregada, em um posto bem inferior, ganhando bem menos do que antes ganhava, e havia perdido casa, carro, um filho, uma mãe. Eu estava atolada na dor do LUTO, e nem sabia nessa época que eu era uma MADA.
• Aí em um dia que estava trabalhando, em uma festa da empresa que eu estava, ele o atual NÃO SEI O QUE, apareceu.
• Era como se fosse um episódio de filme romântico, onde a mulher está na escada, e aparece aquele homem lá em baixo vestido de terno, todo ele, todo pavão. Eu pensando que ele fosse um dos seguranças da festa, pedi que me arrumasse um cigarro, pois não estava com bolsa. Ele arrumou, foi simpático, e eu senti aí pela primeira vez um embrulho no estomago, pensei até que fosse fome. Na mesa do salão de festas, sem esperar ele senta e conversa comigo, durante um bom tempo, e alguma coisa rolou nos olhares, enfim, a dança do Madismo deu-se inicio. Passou-se alguns dias, e ele foi na empresa receber o cachê da festa, conversamos de novo, e aí ele se tornou frequente nessas visitinhas no serviço, por pelo menos uns meses.
• Ele ficava sempre com um dialogo bacana, e eu fui me interessando, não rolou sexo de inicio, eu até pensava que ele nunca iria tomar a iniciativa. Foi assim durante 4 meses seguidos, até que um dia, em meu apartamento o recebi, foi uma coisa meio estranha, pois rolou química, tudo naquela hora, só que naquele dia mesmo, ele me disse no corredor: Não espere nada de mim, eu não sou de ficar com ninguém, não prometo nada, deixa rolar...
• No dia seguinte veio de novo, depois me deixou no vácuo durante dias, aí liga de novo, vem de novo e rola de novo...Eu na minha intensa estupidez e carência, o recebia sempre, não cobrava nada, mas sentia que estava enlaçada na dele e que não seria algo tão de momento...Achava estranho seus sumiços, achava estranho ele chegar deixar rolar a transa vestir-se e ir embora...mas aceitava, a estúpida imbecil aceitava tudo, as migalhas jogadas debaixo da mesa, e isso foi durante uns dois anos seguidos, sem querer perceber, ou percebendo e não me atentando aos fatos, fomos nos enroscando cada dia mais, pra mim era incrível ele vir me prourar, eu nunca tive rótulos, nunca ninguém sabia de mim da minha existência na vida dele, eu era simplesmente a pessoa que ele usava quando queria a seu bel prazer, e quando ele tinha vontade, nunca quando eu tinha vontade.
• Ele tinha problemas com uma ex dele, ele tinha uma filha de 7 anos na época, e ficava falando que não podia me expor porque a menina iria ficar psicologicamente afetada, foi aí que fiquei grávida dele, nessa época também perdi meu emprego, a única coisa que havia conseguido era uma casinha pra deixar de pagar o aluguel, mudei pra essa casinha, porque o dinheiro da recisão deu para comprar.Foi nessa casinha que fiquei grávida dele, e meio assustada e com medo da reação dele, falei o que havia acontecido, ele se mostrou muito nervoso, sugestionou que eu havia engravidado de propósito, insinuou várias vezes isso...Eu expliquei que não foi por querer, pois na época eu tomava injeção, e que não sabia por cargas d´água havia falhado...Foi aí que ele disse que tinhamos que fazer alguma coisa, arrumou uma grana emprestada de um amigo e comprou 12 citotec (remédio abortivo) para eu tomar, eu tomei, não por que queria abortar mesmo, mas não tinha solução na minha cabeça para o problema, pois ele foi categórico em dizer que não queria, que *aquilo* (minha gravidez) iria causar danos emocionais na filha dele...Diga-se de passagem que eu tinha uma filha na época com 12 anos. Tomei mesmo com dor na consciência, e acho que Deus teve seus planos, pois não surtiu efeito nenhum, tive que levar a gravidez adiante, quando falei a ele novamente sobre a gravidez, ele disse que não podia fazer nada agora, e que estava viajando pra outra cidade a trabalho, eu fiquei dos 4 meses até a criança nascer sozinha, isolada e sem recursos, pois estava desempregada, não tinha nada além do teto, e a ajuda de parentes meus. Ele sumido, eu grávida, rejeitada como uma cadela sarnenta, e sem saber que rumo se daria minha vida.
• Foi aí que surgiu a ideia de vender a casa, pois o desespero era enorme, eu estava consciente que ele não iria mesmo ajudar em nada, pois o sumiço dele era a prova disso. Vendi a casa quando estava no 7° mês de gravidez, ao completar o 8° mês, minha bolsa estourou e fui sozinha, para o hospital municipal de minha cidade, levada por bombeiros, pois nem dinheiro para taxi eu tinha. As roupas do bebê foram doadas, como outras coisas mais.
• Passei uma dor enorme, ganhei a menina, era lindinha, ou melhor é linda minha filha, uma benção de Deus mesmo. Voltei sozinha para casa, a minha outra filha de 12 anos, foi meu braço direito em tudo, e assumiu com louvor o papel de *mãe 2* da pequena.
• Ao completar 15 dias ele apareceu para conhecer a filha, foi frio, estranho, não quis pegar no bebê. Simplesmente disse que iria mandar a mãe dele lá pra ver se eu precisava de alguma coisa...e assim foi quando conheci minha *sogra* rsrsrs...Em menos de 30 dias ele quis se aproximar de novo, eu a besta carente, aceitei, e fui aceitando, aceitando, os anos se passando, e eu ali...estagnada...minha vida não andava de jeito nenhum, nem financeiramente, nem profissionalmente, em nada, passava tanto aperto financeiro que dava dó, era por diversas vezes socorrida por parentes que com dó da situação iam e davam algum dinheiro. Eu entrava sempre com pedido de alimentação pra menor, era freguesa da defensoria pública, ele pagava de pois atrasava de novo, e quando a coisa estava muito alta, ele era mais atencioso e mais presente, era a forma de me manter na *linha* ou seja matava minha carência sexual, presencial e com isso ganhava um tempo, por que eu achava que aquilo era mais uma aproximação dele, era uma forma dele me querer por perto...Quando completamos 9 anos de relação torta eu quis dar um basta definitivo...Tinha enfim arrumado um trabalho mais digno, e as meninas estavam maiores me dando mais sossego para algumas coisas. Esse termino me rendeu uma dor imensa de cabeça, pois ele acho eu não esperava que enfim eu saísse do jugo pesado de estar sob o domínio dele...Mas enfim eu estava segura de mim, e decidida pela primeira vez na minha vida, a não mais ficar daquele jeito...estava cansada de ser nada, e não ter nada rotulado da parte dele...eu queria poder me libertar, nem que fosse mentalmente, foi aí que coloquei uma pessoa na minha vida, por brincadeira, e pra poder esquecer ele, mas ele me perseguia, no trabalho, me vigiava em casa, se pendurava na janela e implorava que eu voltasse, se humilhava, chorava, e se tornou violento também, tentou me matar 3 vezes seguidas...fora os espancamentos...foram muitos boletins de ocorrência na delegacia da mulher até ele parar de me forçar a querer voltar...foi aí que mudou a estratégia de aproximação de novo...foi me ganhando de novo pela amizade, e em um dia de fraqueza meu, eu aceitei ele de novo...ele prometeu mudar, prometeu me colocar na vida dele como namorada, me apresentou a amigos dele, saiu em lugares comigo coisa que nunca fez, enfim, durante seis meses se tornou o homem que eu esperava, mas em menos de seis meses tudo volta a ser um pesadelo pior e mais doloroso...ele começou a ficar ausente de novo, se retrair de novo, e me rejeitar até na cama, teve momentos de brochura, e foi se afastando de mim aos poucos e dolorosamente...eu no limite da dor, angustia, sofrimentos, adoeci seriamente, tive uma depressão profunda que me levou a ter picos de pressão, quase me fazendo morrer...depois veio pequenos acidentes, queimaduras, acidente de moto, e fui aguentando o quanto podia...levando, sufocando, e ele ali, presente e ao mesmo tempo distante, quando chegou agora em dezembro, decidi recomeçar a juntar meus cacos, as reuniões do Mada me ajudaram muito, e fui levantando meu estral, assim que ele viu que eu iria mais uma vez colocar alguém na minha vida, veio me procurar de novo, e foi me levando no bico e vai me levando no bico, eu já coloquei as cartas na mesa, não sou de ficar como ficante, esse papel já não me servi mais, nunca serviu...e ele pressionado mais uma vez surta e se distancia, alegando que não quer casar, não quer ninguém na vida dele...questionei: Que porra de vida é a sua? O que vc conseguiu sozinho? O que você fez com suas filhas? Como quer mudar alguma coisa na sua vida? Se não aceita mudanças?Fui clara, especifica e direta, sincera e verdadeira...Disse que não vou aceitar mais isso, nem um ano sequer, que eu quero sim ser rotulada e ter o lugar que mereço...Isso gerou afastamento...Mas sabe? Tô nem aí...foda-se!!!! Eu venci a morte por 3 vezes em menos de 2 anos...tô certa que não morro tão fácil...Se não quer, muito bem...aprendi a me reerguer das cinzas...Meu alerta as amigas Madas, é que não permitam que cheguem nesse ponto, de deixar um homem, brincar com seus sentimentos e lhe usar apenas como objeto...não permitam, chegar onde eu deixei chegar pra ver que, foi tudo em vão da minha parte, e que todo o amor que sinto por ele, sempre será negligenciado...É a minha partilha Rô, pode publicar no seu Blog, pode mesmo, como aviso de como é ser uma pessoa ESTUPIDA como sou.
Olha pessoal...só publiquei pq realmente foi forte essa partilha, e também por que pude manter o anonimato da Companheira...Mas em lágrimas ao ler eu percebi o quanto é triste, é desumano viver isso...Só me resta dizer ao poder superior que lhe dê forças a cada dia pra sair disso...e que estaremos aqui sempre pra poder dar suporte em tudo que necessitar... Melhoras!!!

3 comentários:

  1. vivi bem isso, me lembro bem...eu estava em trabalho de parto do caçula e ele me mandando parar de frescura, passei a noite toda zanzando na casa com as contraçoes, mas so fui ao hospital qdo ele saiu pro trabalho, dei entrada as 15 horas o bebe nasceu as 19 de uma cesareana, por que nao havia dilataçao o bastante, porem o sofrimento fetal era eminente, mas ainda guardo comigo o que senti qdo percebi que tava sozinha ali, indo pra sala de pre parto enquanto vi algumas mulheres sendo apoiada pelos respectivos esposos...me lembro bem, e eu era esposa, mae de tres filhos, e ele me deixou só...

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  2. Nossa, quanto coisa fazemos em nome do que pensamos ser "amor". Que o Poder Superior te ampare e que esta criatura possa te deixar em paz. Serenidade.
    Divany

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  3. Tremenda partilha...Muito forte e muita intensidade, mas também percebi melhoras é isso aí tamujuntas#

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