domingo, 19 de fevereiro de 2012

A Tolerância.


A Tolerância
por Guilhermina Batista Cruz -

Você consegue aceitar e conviver com todas as situações que aparecem em seu caminho? Sua mente está livre de julgamentos e preconceitos? Tem disposição para enfrentar as aparentes contradições de comportamento dos outros? Se dispõe a abrir janelas e portas da alma para procurar entender atitudes de desamor e desrespeito sem julgamentos prévios e taxativos sobre os acontecimentos?

Na verdade, se você consegue pelo menos realizar em parte duas dessas perguntas você já pode se considerar um aprendiz da luz e vai conseguir caminhar muito além do que imagina, se não se deixar levar pelo desânimo e pela indiferença que reina na convivência humana, em que muitas vezes deixamos de lado a vontade de ajudar e de entender nosso próximo porque achamos que ele não vai conseguir ir muito adiante.

Em nossa vida diária convivemos com pessoas dispostas a ajudar, gostam de ensinar o que já conseguem visualizar com um maior entendimento, mas não conseguem tolerar aquele irmão ainda recalcitrante no aprendizado. Não consegue aceitar que ele continue a seguir equivocadamente ou a seu modo caminhos “errados” ou diversos daqueles que a maioria segue. Em tudo o que vemos atualmente o que mais nos “salta aos olhos” é que sem a tolerância fraterna não conseguiremos atingir um estado de amadurecimento espiritual necessário à transformação de vibração ou mudança de sintonia para implantarmos um mundo melhor onde possamos conviver com mais harmonia e paz.

Mas, na verdade, o que significa tolerar? O dicionário nos dá a definição: ser indulgente, consentir, admitir, desculpar, respeitar opiniões contrárias à sua. Então, tolerar significa, principalmente, admitir modos de pensar, agir e de sentir diferentes de indivíduo para indivíduo e também em relação a quaisquer grupos. É antes de mais nada, respeitar o próximo como desejamos que ele nos respeite, aceitando seu modo de ser e de sentir.

Precisamos treinar mais a tolerância em nossa vida diária, pois se convivêssemos tolerando-nos mutuamente não haveria tanto ódio e indiferença, nem tanto desamor no mundo. É evidente que precisamos aprender a disseminar o amor e a luz em benefício de todos, mas se ainda estamos aprendendo, vamos procurar exercer primeiramente a tolerância, pois ela é um passo inicial em direção a uma maior abertura espiritual para conseguirmos praticar a verdadeira fraternidade que deverá pautar nossos passos daqui por diante.

A mente aberta facilita nossos propósitos no bem, pois nos vemos dispostos a enxergar as situações da vida em sua verdadeira essência sem nos deixarmos levar por pensamentos pré-concebidos ou pelo preconceito e, se não aceitarmos as aparentes armas que o preconceito nos coloca, nos veremos livres para exercermos a tolerância em toda a sua acepção e grandeza.

Perdemos grandes oportunidades de ajuda e aprendizado pelo fato de sermos, muitas vezes, intolerantes e presunçosos em nossas convicções. Há que se ter um sentido de equilíbrio e de discernimento e de boa vontade para examinar idéias novas com uma mente aberta e para aceitar o jeito de ser e de sentir de nosso próximo, sem que isso tolha nossos propósitos de ajuda e de harmonia universal.

Se procurarmos exercitar um pouco que seja a tolerância, não vamos nos aborrecer mais pelo desconhecimento e despreparo e por pensamentos contrários aos nossos, porque entenderemos que nem todos são aquinhoados com as mesmas oportunidades de aprendizado que iluminaram nossos caminhos.

Pessoas que passam por problemas de várias ordens, tanto emocionais quanto materiais, são muitas vezes criticadas impiedosamente se não demonstrarem a vontade de mudança imediata daquilo que lhes atrapalham o crescimento e da aceitação imediata daquilo que lhe é mostrado como o correto para a situação que atravessam.

Enquanto não nos conscientizarmos que somos diferentes em níveis de evolução estaremos sempre querendo que os outros vejam por nosso prisma os acontecimentos da vida, sem procurarmos entender seu ponto de vista, como eles se sentem realmente na situação com a qual convivem.

Às vezes, quando se toma como base um pensamento apoiado numa crença qualquer, queremos a todo custo que as pessoas aceitem nossos pontos de vista e nos esquecemos de alicerça-los em sua verdadeira essência com a qual seria mostrado em toda a sua grandeza sem a necessidade de induzi-lo a ir pelo caminho que trilhamos e que achamos ser o mais correto para todos.

A superação de obstáculos é uma fase importante de nosso crescimento interior e nos levará com certeza a um nível maior de tolerância em que aprenderemos a trabalhar na construção do reino divino dentro de nós, calando ressentimentos, dissensões e diferenças e procurando exercitar a compreensão e ajuda que pudermos espalhar para a construção de um futuro melhor para todos.

Se aprendermos a ceder em algumas ocasiões em favor dos outros, veremos que seremos agraciados também pela benevolência que demonstramos com a retribuição gratuita de gestos de gentileza e de compreensão. Se aprendermos a ajudar sem exigências, seremos auxiliados também sem reclamações.

Devemos procurar exercitar diariamente a tolerância; ela deve se constituir num ponto de partida para vencermos nosso ego e nos impregnar de um sentimento real de fraternidade e de bom ânimo com todos aqueles com quem tivermos que conviver e exercer nossas atividades diárias. Um pouco de tolerância que tivermos já dará ensejo à compreensão, indispensável na convivência, seja em casa, no trabalho, em nossa vida afetiva e em todas as áreas de nossa lida diária.

Muitas vezes é difícil sofrermos qualquer agravo sem o ímpeto do revide, sem ficarmos com vontade de dizer “certas verdades” a quem nos agride ou a quem se posiciona veementemente contra nossas opiniões. E aí é onde deve entrar nossa vontade de mudar e dar a volta por cima, domar nosso ego, que a essa altura estará lá embaixo, magoado, furioso ou revoltado.

Acendamos então a luz da compreensão senão a intolerância toma conta de nosso ser e abre frente para a ignorância. Lembremos sempre que o mal nos distancia cada vez mais da paz, pois se existe gente que perturba e causa tumulto em nossa vida, provavelmente, não encontrarou acesso em corações compreensivos ou foi vítima do descaso, da intolerância, da falta de perdão e fraternidade.

É preciso que saibamos distinguir a tolerância da conivência. Ser tolerante não pode nos fechar os olhos à compreensão, ao erro e à falta de escrúpulos. Se nos vemos a par com situações onde a mentira e a dissimulação reinem não podemos nos abster e dar de ombros; vamos procurar esclarecer situações equivocadas com toda a calma mas com toda a firmeza que pudermos.

A tolerância nos dá uma paz interior muito grande pois livra-nos de muita aflição e desgaste desnecessário. Constitui-se numa fonte de calma interior que beneficia a quantos dela se aproximam, dando-lhes o lenitivo da compreensão e da paz.

Procuremos vencer as limitações e ascendermos espiritualmente, o que só alcançaremos com força de vontade, coragem para mudar e procurar compreender as adversidades, convivendo da melhor forma possível com todos que nos cercam e nos imbuindo da tolerância para que um dia possamos sentir e exercer a verdadeira fraternidade.

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