domingo, 23 de outubro de 2011

Os 12 Passos Definições.

BY Rô Carvalho:
Então hj me deparei com mais algumas pessoas que questionam a linha de tratamento do MADA, só pq foi adaptado os Passos para o Grupo Mada, e sempre pessoas colocam religiosidade no meio pra querer atrapalhar esse Grupo e demais Grupos de Ajuda que crescem não só no Brasil, como em todo mundo.
Eu odeio fanatismo, acho ridículo pessoas que se dizem doutas em assuntos religiosas ainda serem tão preconceituosas e tacanhas, com relação a outras visões.
Existem espalhados pelo mundo Grupos aderidos aos passos do AA, como N.A, Alanon, Dasa, NARANON, Al-teen, e vários outros, todos com um único objetivo:Tratamento gratuito a doenças adquiridas pelos vícios...
A Grande birra na verdade dos Grupos Religiosas, principalmente dessas igrejas sem raizes fundadas pelo Cristianismo, é que o programa proíbe a divulgação explicíta de Denominações.
Vou explicar direitinho pra eu ser bem entendida,kkkk...Nós temos um passo importante no programa, BUSCAR PELA FÉ, BUSCAR A DEUS, BUSCAR UMA FORÇA MAIOR QUE NÓS MESMOS...Então caros amigos evangélicos, nada tem de pratica ao oculto ou busca por praticas demoniacas...kkkk...Acho até graça nisso,pq é muita estupidez de alguns não observarem isso...A prova disso que se acham praticas irregulares a palavra,não teria hoje em dia Grupos Religiosos seguindo o Modelo Dos 12, Células que crescem com grande vapor em todo o Brasil.E várias denominações evangélicas até bem tradicionais se renderam ao Modelo dos 12.A diferença é que nos Grupos de Apoio e Ajuda mútua não se cobra nada, tudo é feito através de voluntariado e solidariedade Humana, o crescimento dos Grupos se dá ao fato de várias pessoas se curarem através do Programa, e sem envolver Credo Religioso, ou seja Placas dizendo que foi através de determinada Igreja que se obteve exito.
Já vi várias pessoas torcendo o nariz pra mim, pq sou voluntária em Grupos de Comunidade MADA,HADES,CODA. E digo meu Deus é maior que toda essa coisa pequena de julgamentos...
Sigo meu tratamento e auxilio as pessoas que como eu também sofrem com problemas de relacionamentos emocionais...
Creio em Deus acima de tudo em minha vida...E nada fará com que eu deixe de acreditar Nele.Se não sou aceita em uma Determinada Denominação por ser MADA/CODA, servirei a Deus em minha casa, mas acredito que como existe Igrejas Como a Batista, Presbiteriana, e outras que tem até salas presenciais em suas igrejas dando apoio a MADAS, tbm encontrarei meu lugar...
Aqui Abaixo deixo os passos seguidos pelo AA, só lembrando que Existe aqui em minha cidade uma Missão para Dependentes Quimicos que ajuda muitos a se livrarem do vício das drogas, e por incrivel que pareça seguem os passos...kkkk


Fonte deste texto retirado do Site:http://adroga.casadia.org/recuperacao/12_passos_na_recuperacao.htm

Os 12 passos e a recuperação.
Primeiro passo
O primeiro passo de Alcoólicos Anônimos (A.A.) e Narcóticos Anônimos (N.A.), de Naranon e Alanon, diz:

Admitimos que éramos impotentes perante o álcool/ adicção/ pessoas, que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.

O adicto é impotente diante das suas emoções, diante da sua droga.
O alcoólatra é impotente diante do álcool
O familiar é impotente diante do seu adicto..., e, além disso, eu (alcoólatra, adicto ou familiar) tenho que perceber que sou impotente não somente diante das coisas, mas também diante da minha família, diante o trânsito, diante dos preços, diante da outra pessoa que trabalha comigo...

Então nesse primeiro passo nós temos que de alguma forma eliminar os mecanismos de defesa.
E que mecanismos são estes? São mecanismos que protegem o nosso eu, porque enquanto o familiar não fizer o primeiro passo, enquanto o adicto, alcoólico não fizer o primeiro passo, o que vai acontecer? Ele vai sempre se perguntar: Onde foi que eu errei para que isso começasse comigo? Onde foi que eu errei para que eu tivesse um familiar usuário de álcool e outras drogas? Onde foi que eu errei? E na realidade não houve erro nenhum.



Hoje existe um capítulo do CID (código internacional doença) que fala somente sobre transtornos mentais provocados por álcool e drogas. Aqui se qualquer médico do Brasil encaminhar um paciente usuário e cocaína para tratar-se no Japão e o médico japonês não conhecer nada da língua portuguesa este medico vai olhar o número da doença classificada no CID e vai tratar como usuário de drogas/cocaína.

Não é uma sem-vergonhice, a sem-vergonhice não trás síndrome de abstinência, eu nunca vi ninguém por sem-vergonhice entrar em delirium tremes, eu nunca vi por sem-vergonhice alguém entrar num quadro compulsivo, então é uma doença física, uma doença mental de fundo emocional, e é uma doença de relacionamento, que dentro dos grupos nós chamamos de doença espiritual.

O que é espiritualidade para mim dentro dos grupos? Há uma definição para espiritualidade, que eu encontrei do Prof. Caldas Auletti, no dicionário de definições de 1956: Espiritualidade é a qualidade do relacionamento com quem ou com o que é mais importante na minha vida. Então a todo momento eu tenho que estar me perguntando : O que é mais importante para mim na minha vida? Agora o que é mais importante para mim na minha vida? Estar passando algum conhecimento para vocês. Se estiver no trânsito, o que é mais importante para mim na minha vida? Pensar no trânsito. Então espiritualidade é isso: É a qualidade do relacionamento com quem ou com o que é mais importante na minha vida. E esse é o problema que N.A. / A.A. traz, que ALANON / NARANON traz.

Com esse primeiro passo, com essa rendição eu começo a ter um contato maior comigo. Eu elimino a negação, eu elimino a minimização: Ele quando está usando... Não mais usa / uso só no final de semana. Mais o final de semana para ele começa na segunda-feira, não é? Ele usa a semana inteira. Então o familiar chega e diz: mais ele é um amor sem álcool e droga, ele é um amor de pessoa, mas... Quando é que se encontra ele sem álcool e drogas? Difícil não é?

Esse processo de negação, esse processo de minimização, esse processo de projeção (atribuir a outros uma coisa ou responsabilidade que é sua) dá suporte para que os familiares digam: ele se droga por causa das companhias. Eu estou em recuperação há 16 anos e acreditem-me nunca conheci alguém que para começar a usar drogas precisou ser amarrado, ninguém mesmo; ele começou a usar drogas por curiosidade, para fazer parte de um grupo, para desafiar pai e mãe ou a autoridade de alguém, enfim por outras razões, menos essa de ser amarrado.

Outra coisa, o protecionismo familiar. A família não consegue deixar seu ente querido "quebrar a cara", quebrar a cara que eu digo é no bom sentido, deixa ele aprender um pouco com a vida, se não aprender pelo amor vai aprender pela dor; nós temos que praticar um desligamento emocional, um desligamento com amor, um desligamento dos problemas da pessoa e não o desligamento da pessoa.

Isso acontece também com o adicto, com o alcoólatra, que muitas vezes tem que se desligar da chatice que continua sendo o familiar que está fora de uma programação, que não aceita uma ajuda e que responde da seguinte forma: Não... Quem bebe é ele... Quem se droga é ele, o problema é dele!

Segundo passo
Após quebrar todas essas negações/mecanismos de defesa, nós temos que dar um segundo passo, que é justamente um passo relacionado com a auto-estima.

Não sei se vocês já perceberam que nos passos de A.A. / N.A., eles promovem o dependente e o familiar. Por que o familiar deixou ter nome, não é? Não é mais fulano de tal ou o cicrano de tal, é aquela louca mãe de fulano. O D.Q. deixou de ter nome: é o pipador, o bombeiro, o nóia, o pudim de cachaça... Ele deixou de ter nome, na rua quem bebe, bebe porque é sem vergonha; quem se droga se droga por que é marginal, essa é a nossa realidade. Dentro dos passos de AA / NA existe uma promoção.

O segundo passo diz: Viemos a acreditar que um poder maior do que nós poderia devolver-me a sanidade, ou a saúde. Nós só podemos devolver a saúde para quem? Para quem não há tem, quem não tem saúde é um doente, isso faz parte da sabedoria popular. Em 1935 a organização americana de saúde considerou o alcoolismo como doença, em 1977 a OMS (organização mundial saúde) considerou a dependência química como doença, dependência de outras substâncias que alteram uma ou mais funções no cérebro.

Então 30 anos antes da medicina o A.A. entrou com a sabedoria popular, então ele é promovido de sem vergonha para doente, de marginal para doente, de louca para doente. Por que nós não podemos aproveitar essa promoção e agarrar isso de todas as formas para que a gente possa ter um outro direcionamento de vida?

Porque a pergunta que se faz: onde foi que eu falhei para que acontecesse isso comigo? Onde foi que eu errei para que não pudesse controlar o álcool ou a droga? Aí começo a atribuir: bem não consigo controlar porque estão misturando alguma coisa na cachaça, não consegui controlar porque a droga não é pura.

Na realidade é um processo orgânico, chamado tolerância, esse processo orgânico simboliza o seguinte: hoje para você obter determinado efeito você toma uma dose, amanhã para obter o mesmo efeito você tem que tomar duas doses, depois de amanhã três doses, isso é chamado de tolerância.

No momento em que se instala a dependência a tendência dessa tolerância é de queda. Muitas vezes você vê isso no alcoólatra: ele está trêmulo de manhã, tomou uma... Passa a tremedeira, mas também fica ruim, chapado. Eu conheci pessoas que morreram de over-dose e que não chegaram a usar uma grama de cocaína.

Então existe todo esse processo físico de tolerância, essa tolerância pode ser simbolizada por um pico ascendente de consumo e quando se instala a dependência, a tolerância vai caindo; pois da fase de uso inicial até a instalação da dependência existe o prazer físico, mas a partir do pico mais alto será só a manutenção da dependência, onde o D.Q. vai usar para não experimentar a síndrome de abstinência.

E o que é síndrome de abstinência? É o desconforto causado pela ausência da droga/álcool, podendo variar de insônia, tremores, alucinações até morte neuronal.

E se tratando de uma doença eu tenho que estar atento a questão da auto-estima, não houve falha nenhuma, não houve erro nenhum de minha parte e sim a predisposição orgânica em desenvolver a tolerância pela droga / álcool que culminou com a instalação da dependência. Esse processo é um processo seletivo. Existem estudos científicos que comprovam a existência de um componente genético nesse processo.

Então para isso eu preciso voltar a acreditar num Deus, acreditar em mim, num Deus que eu digo seria um poder superior a nós, porque aí entram também os papéis que nós vivemos dentro da dependência. Nós vivemos um papel muito comum, nós não vivemos o papel de Deus, nós vivemos o papel de irmão de Deus, tanto o D.Q. quanto o familiar; o familiar "chega perto de Deus e bate no ombro de Deus e diz": Deus tira ele do meio daquelas companhias que está levando ele para o buraco; dando conselhos a Deus na cara dura, ou não? O dependente é a mesma coisa, chega perto de Deus e diz: Deus modifica minha mãe, meu pai, modifica fulano, Deus me ajuda arrumar dinheiro, eu estou sem dinheiro para pagar o bar, o traficante; sempre dando conselhos a Deus; tanto o DQ quanto o familiar. É esse o papel que nós temos que abandonar para podermos caminhar com nossas próprias pernas e aí entra o...

Terceiro passo
O terceiro passo é um passo de decisão. Só que a partir de agora nós não podemos tomar uma decisão, somente uma decisão isolada, nós temos que tomar uma decisão em conjunto com uma ação, porque se não nós vamos ficar parados da mesma forma que nós estávamos há algum tempo atrás.

Eu decidi um monte de coisas e não coloquei nada em prática, tanto o D.Q. quanto o familiar..., é aquela história: amanhã eu paro..., amanhã eu faço. Para aqueles que estão dentro da programação de A.A. / N.A., NARANON / ALANON, o terceiro passo é isso: tomar uma decisão é colocar em ação, aquilo que eu posso fazer hoje, eu faço, o que eu não posso eu vou colocar no meu arquivo e deixar para quando chegar o momento. O terceiro passo é uma forma fácil de trabalhar a ansiedade..., se deixar a ansiedade um pouquinho de lado para ver qual é a nossa realidade.

A realidade do familiar é que ele tem um elemento / pessoa doente dentro de casa que precisa de ajuda, a realidade do familiar e que ela está tendo comportamentos que não são próprios de uma pessoa da idade dela e que ela familiar precisa de ajuda também. A realidade do dependente é que eu / ele precisa de ajuda, e nessa hora eu não posso escolher a cor da bóia, eu estou me afogando e não sei nadar. Se jogarem uma bóia branca em digo, não eu não quero a bóia branca, eu quero a amarela. Não é hora de escolher o tipo de ajuda que eu posso receber, eu tenho que me agarrar nessa ajuda de AA / NA.

Esse tipo de procedimento, essa decisão juntamente com a ação traz de volta o direito de eu pensar o que é bom para mim e o que não é bom para mim; o que eu tenho condições de fazer agora e o que eu não tenho condições de fazer agora. Esse processo nós temos que começar a cultivar, nós temos que começar de alguma forma já colocar em pratica.

Esse terceiro passo é o passo da estruturação, é o passo que eu preciso pensar aquilo que eu tenho para decidir, eu não posso decidir pelo impulso, eu não posso decidir pelo simples fato da birra; eu quero fazer e fim de papo; não saber nem porque quer fazer; é próprio de um comportamento infantilizado que muitas vezes o familiar tem e o dependente também tem; fazer birra chega ao ponto muitas vezes dessa birra se refletir dentro de salas de mútua ajuda: - onde já se viu o fulano ir com a camisa do São Paulo na reunião, se apegando a coisinhas tão pequenas somente para não se focalizar dentro da sua própria recuperação. É uma maneira delas se olharem no espelho de costas, ela quer se enxergar no espelho, mas vira as costas para o espelho, porque dentro da sala, dentro de um grupo de mútua ajuda é necessário que eu passe a olhar para as pessoas para que as pessoas percebam como é que eu estou me sentindo e eu possa também perceber de que forma que eu possa estar ajudando estas pessoas, para que isso também possa - essa decisão e ação possam ser cultivadas com mais facilidade eu preciso de um...

Quarto passo:
Honestidade.
Nessa honestidade nós temos que incluir aqui uma reavaliação de vida. Como está a minha vida hoje?

Alguns já conhecem a famosa pizza em pedaços: o lado emocional, o lado de relacionamentos que é o lado espiritual dentro dos grupos anônimos, o lado familiar, o lado social e lazer, o lado físico e financeiro e o lado profissional ou escolar. Vejamos agora o quadro de alguém que está em equilíbrio: ele da atenção a todas as áreas da vida dele de forma proporcional, um pouquinho para cada divisão, é o quadro do ser perfeito, a pessoa perfeita faz isso. Mas como nós não somos perfeitos então qual é o nosso quadro? O lado emocional toma conta de 3/4 em detrimento da área profissional, familiar, social, lazer, física, financeira e a área do relacionamento.

Vocês querem um exemplo de até aonde vai o nosso desequilíbrio emocional? É só notar quem tem cachorro pequeno em casa. Se o familiar estiver a ponto de estourar o cachorro fica quietinho, não dá um latido. Se o dependente chega a sua casa alcoolizado ou drogado, o cachorro é o primeiro a subir em cima da cama da dona ou sair de perto dele. Só nós próprios não percebemos isso.

Então o lado emocional está em detrimento das outras áreas. Qual seria a proposta ideal? Que dentro de grupos nós procurássemos abrir esse leque para chegar próximo a aquele quadro ao quadro anterior da proporcionalidade.

Quando a pessoa não quer uma recuperação, apenas quer aparecer ou fazer de um grupo ou de uma terapia um fato social: "estou em terapia", "estou participando de A.A. / N.A., NARANON / ALANON"; só colocando uma etiqueta no peito e dizendo isso, o que vai acontecer com ele? Recuperação não existe, mais vai existir a criação de uma outra área na vida dele: um vazio. Esse vazio é um vazio existencial, é um vazio que causa desmotivação, é um vazio que provoca um estado depressivo, ele não tem ânimo para nada, fica agressivo, comportamentos idênticos a aquele que está usando - inclusive o familiar. O familiar muitas vezes tem comportamentos mesquinhos (próprios de quem usa drogas): gritar fora de hora, brigar no supermercado, xingar no trânsito, esquecer o que ia fazer..., igualzinho a quem faz uso de álcool/droga, não tem diferença nenhuma.

Por quê? Porque o familiar está se drogando com comportamentos, o familiar adora muitas vezes cutucar a onça com vara curta, criando certos tipos de provocação que é justamente para ela poder ficar / sentir-se um pouquinho acima do dependente, se achar um pouquinho acima: se eu puxar o tapete dele eu subo um degrauzinho. Isso é se drogar com emoções: brigar no supermercado, chutar o cachorro, xingar no trânsito, não saber esperar a fila de restaurante / banco. Estas coisas nós vamos perceber que estão dentro desse vazio. Quando falo desse vazio eu falo do nosso lado de desonestidade para conosco mesmos é que está funcionando.

Então o quarto passo é um inventário moral, é você colocar tudo aquilo que você tem no passado para você se rever. Só que eu não sou só um amontoado de coisas negativas, eu tenho o meu positivo, para isso eu preciso também olhar nesse inventário, para que eu possa dar continuidade a aquilo de positivo que eu tenho..., aprimorar o que tenho de positivo, criar alças resistentes para que eu possa estar carregando um passado, do qual eu me jubile / orgulhe.

Porque um passado de drogadição, um passado de interferência na vida do outro não é um passado de júbilo, é um passado de orgulho o qual muitos estão se orgulhando para poderem continuar o quadro da autopiedade.

Para eu reconhecer todo esse processo, para que eu possa ter condições de estar me avaliando dentro desse processo de inventário, dessa história da minha vida eu preciso de um passo que é de humildade.

O quinto passo diz:
Admitimos perante Deus e a outro ser humano a natureza exata de nossas falhas.

Será que eu em recuperação estou sabendo dizer: desculpe-me eu errei. Será que eu em recuperação estou dizendo: eu prejudiquei a alguém, você me desculpe eu te prejudiquei. Ou eu continuo ainda com o nariz empinado para não olhar para os meus pés todos sujos ainda por onde eu ando. Por que velhos caminhos levam a velhos lugares, velhas idéias levam a velhos comportamentos. Se eu ainda continuo tendo comportamentos de ativa, eu continuo andando pelos mesmos lugares.

Isso também serve para o familiar. Se eu estou tendo o comportamento dele como usuário ativo, eu não estou me olhando no espelho, não estou conseguindo me enxergar, não estou conseguindo me ver em recuperação. Por que fica muito difícil para o familiar também, não só para o dependente, aí muito mais para o familiar, é o familiar acreditar que está tendo sucesso na vida. Em função dos anos que passou/viveu com o seu dependente ativo, hoje o familiar não acredita que está vivendo um momento de tranqüilidade, o familiar duvida.
Isso o que é? É falta de humildade em reconhecer aquilo que de bom está acontecendo na própria vida. Falta de humildade em reconhecer junto aos outros, o que de negativo eu também já fiz, e se eu não tenho humildade suficiente para isso eu não posso conseguir identificar as mudanças que eu tive na minha vida. Como é que eu posso identificar a mudança se eu não tenho contato comigo?

Então esse muitas vezes é o papel que faz o familiar. É muito mais fácil enxergar o outro, os defeitos do outro do que de si próprio. E daí o familiar se torna agressivo, antipático, inadequado, e quando vai encostar a cabeça no travesseiro ele diz: puxa vida... ... ..., outra vez eu briguei. É lógico! O familiar não está se olhando.

A mesma coisa acontece com o dependente. O dependente muitas vezes com a intenção de agradar a alguém faz um inventário que é uma verdadeira historinha. Vai contar historinha para outro e esse outro ainda concorda: _ parabéns seu inventário está muito bom.
Só que a verdade sobre a vida dele não foi relatada. A mesma coisa acontece com o familiar. Se alguém entra na casa de um familiar e tira um toca-fitas..., ele roubou. Mas como foi o meu filho, não... Ele pegou para trocar com droga. Que diferença faz? Eu fiquei sem o aparelho da mesma forma. É um roubo / furto que houve. Mas o familiar consegue enxergar isso?

A mesma coisa acontece com dependente que não quer entrar em recuperação: é não reconhecer que prejudicou as pessoas, e de que forma prejudicou estas pessoas. É necessário que façamos um balanço de nossas vidas e tenhamos suficiente humildade em reconhecer as pessoas que prejudicamos. Isso inicialmente, em primeiro momento é difícil, por isso precisamos de assertividade.

Sexto e sétimo passos
A assertividade de acertar de corrigir, de fazer o melhor.

Se você olhar no dicionário verá que a assertividade é: a arte de agir com acerto. Até parece que fizeram essa definição para o dependente e para o familiar, porque acertar numa situação dessas é difícil.

Quando o sexto e sétimo passos falam em defeitos de caráter e imperfeições nós temos que definir claramente o que é defeito de caráter e o que é imperfeição. Podemos definir que: segundo a oração da serenidade usada nos grupos a palavra coragem só aparece para modificar aquelas coisas que eu posso... Modificar as coisas minhas..., eu não posso modificar outra pessoa e, sabedoria para distinguir umas das outras, ou perceber a diferença. Que diferença eu preciso perceber? Aquilo que eu fiz e que foi movido pelo meu caráter e aquilo que eu fiz e que foi movido pela minha doença.

Então o sexto passo fala sobre as imperfeições, o sétimo passo fala sobre os defeitos de caráter.

Se na época da ativa eu roubava e hoje eu continuo roubando, o fato de eu roubar faz parte do meu caráter. Se antes eu roubava e hoje eu não roubo mais, então faz parte da minha doença. Se antes eu mentia e hoje eu não minto mais, então a mentira faz parte da doença, não faz parte do meu caráter. Mas se hoje continuo mentindo, a mentira faz parte do meu caráter.

A mesma coisa se aplica ao familiar. Se na época da ativa dele eu gritava a toa até com os vizinhos, com o papagaio, ou com quer que seja..., seu eu continuo gritando hoje e não estou em recuperação, então faz parte...? Não tenho mais motivos para estar gritando, então faz parte do meu caráter.

Essa assertividade..., nós temos que deixar de sermos passivos ou agressivos. O assertivo ataca o problema. Ele não ataca a pessoa. E o que normalmente o familiar / DQ faz é atacar a pessoa e deixar o problema de lado.

A recuperação dentro dos passos, ela exige dos dois lados, um trabalho efetivo, eu não posso trabalhar meus defeitos de caráter sem que eu me conheça, sem que eu me compare há algum tempo atrás, sem usar meu passado, mesmo que esse passado seja recente, mas que tenho que usá-lo. Porque eu não posso adivinhar um defeito de caráter que vou adquirir ou atuar amanhã. Eu não posso adivinhar uma imperfeição que eu possa criar amanhã. Para eu identificar isso eu tenho que me relacionar com o meu passado, (e o meu passado por ele ter um fato de preconceito, existe preconceito contra o usuário de drogas, existe preconceito para usuário de álcool, para com o familiar, a sociedade não aceita). Então fica difícil eu ter contato com esse passado, embora ele seja real, mas fica difícil para mim, porque para eu poder entrar em contato com esse passado em primeiro lugar eu preciso aceitar esse passado, ou admitir esse passado, que ele fez parte da minha vida.

Eu preciso realmente buscar dentro dessa assertividade um aprimoramento do meu eu. Nessa assertividade entra uma coisa que é tão linda, tão bonita de se falar, não é? Não existe recuperação sem qualidade de vida! Onde entra a qualidade de vida? Ela entra nesses dois passos, é o início da recuperação com qualidade, porque parado de usar já estava, o que preciso é voltar um pouquinho no tempo e começar a se avaliar com qualidade, mesclando essa qualidade de vida no nosso dia-a-dia para que possa realmente desenvolver alguma coisa a mais na minha vida se não eu vou ficar parado.

Se na época em que eu estava usando álcool / droga ou tinha o familiar na ativa, e eu parei, eu travei, e eu posso voltar a travar dentro desse processo de recuperação, onde não admito o meu passado, não consigo me ver nesse passado que eu vivi..., não consigo me ver como um personagem de um filme, que montei no meu passado.

Oitavo e nono passos
Dentro de uma sala de N.A. / A.A. alguém descobriu uma coisa que Deus não pode fazer, é coisa de adicto, mas é verdade: Mudar o nosso passado.
Será que eu posso trabalhar em cima disso agora? Esse passado não vai ser mudado, ele vai continuar existindo. As pessoas vão continuar cobrando uma coisa que eu não fiz no passado, que eu vou ter que ouvir agora: porque eu não fiz.

A manifestação da doença é sempre ativa, uma doença progressiva pode-se deter o uso, mas a doença não se detém, ela continua. Não existe um passe de mágica..., que diz assim: olha você hoje está curado, você não precisa mais vir aqui, pode ir embora. Não existe isso! O que existe dentro desse processo é justamente a aceitação que é o primeiro passo: Admiti que perdi o domínio sobre minha vida, aceitar o meu passado, para isso eu preciso em continuar essa recuperação, eu preciso-me auto-afirmar.

Auto-afirmação. Dentro dessa auto-afirmação muitos de nós se mantiveram no uso... ... : eu sou adicto mesmo, eu sou alcoólatra mesmo, tenho que beber se não eu morro, eu vou morrer mesmo então eu vou continuar usando. É uma forma de auto-afirmação. Falsa, mas é. Porque que agora eu não posso voltar essa auto-afirmação para algo positivo? Eu posso! Começar a me identificar com coisas positivas que aconteceram na minha vida, e estar lapidando isso, estar melhorando isso! Melhorar o meu relacionamento comigo, começar a me olhar no espelho, chegar à frente do espelho e dizer: eu te amo! Eu te adoro! Ah, vão chamar-me de louco..., mas já não chamaram tantas vezes! Porque agora que estou amando-me, estou mexendo com a minha auto-estima, eu vou ficar preocupado.

Eu tenho que realmente buscar alguma coisa que está dentro de mim, à recuperação inicialmente está dentro de mim, o que eu posso estar conseguindo e melhorar este relacionamento que eu tenho comigo através do exemplo das pessoas, e usar uma outra frase que eu ouvi dentro de N.A.: o inteligente aprende com o exemplo dos outros. Por que nós temos que aprender só com o nosso próprio exemplo, dar nossas próprias cabeçadas? Por quê? Será que nós paramos no tempo e no espaço? Não!

Essa nossa afirmação vem de encontro ao reconhecimento das pessoas a quem nós prejudicamos. Ter claro para nós o nome das pessoas e o que nós fizemos a elas. Essa é uma parte dos passos difícil de estar se fazendo porque o filme do passado tem que voltar a ser assistido, nós temos que voltar o nosso filminho aqui e lembrar uma agressão que eu provoquei na minha família, uma perda que eu provoquei. É difícil para nós? É. Mas como é que eu posso saber se uma roupa está totalmente limpa? É verificando parte por parte dessa peça, para ver se não tem sujeira. A mesma coisa dentro de nós. Não adianta estar limpo de drogas/álcool se eu não estou limpo no meu interior no meu procedimento, no meu comportamento. Continuo naquela história: Faça o que eu mando, mais não faça o que eu faço: chutando cachorro, mordendo corrente, julgando as pessoas, criticando companheiros, se colocando no lugar de irmão mais velho de Deus, se negando muitas vezes a proporcionar uma ajuda as pessoas. Na época da ativa nunca o dependente se preocupou em si próprio, consigo mesmo, alguém pedia ajuda estávamos sempre prontos para ajudar... A solidariedade era imensa... Porque que agora em recuperação eu não também usar essa imensidão de solidariedade!

A mesma coisa acontece com o familiar. O familiar, para entrar na sala de NARANON /ALANON, ele primeiro olha de um lado, olha do outro, ninguém me viu..., vou entrar! Entra e fecha a porta. Com vergonha de receber ajuda, vergonha de oferecer ajuda.
Acho importante nós voltamos um pouquinho e resgatarmos nossa identidade. Quem realmente sou eu? Sou mãe de um adicto? Sou esposa de alcoólatra? Sou um alcoólatra? Sou um adicto? Sou filho de um adicto / de um alcoólatra? Quem realmente sou eu? Eu só vou saber lidar comigo se eu souber quem sou eu. Caso contrário eu não vou ter sucesso nessa nova empreitada, se eu continuar fugindo de mim, eu vou ser tão solitário que até minha sombra vai ficar escondida de mim, até a sombra vai se mandar de mim. Se eu começo escolher o tipo de ajuda que eu tenho para receber eu vou ficar sozinho novamente, vou partir para o isolamento, vou partir para a onipotência, vou viver o papel de juiz e deixar de lado esses papéis que eu vivi até hoje - seja dependente ou seja familiar - papel de repressor, papel de delegado / juiz, papel de enfermeiro, papel de babá. Eu preciso começar a viver o meu próprio papel! Que papel eu estou vivendo na minha família? Se hoje eu tivesse que montar a minha família como ela seria? De que forma que eu posso hoje estar percebendo o meu papel dentro da família?

O Deus que cada um tem que procurar é uma obrigação de cada um. Nós temos que encontrar um Deus. Não adianta querer cair fora... ... Nós temos que encontrar. Porque se eu tenho um problema hidráulico em casa, eu não vou chamar o advogado - vou chamar o encanador e vou dizer: olha estou entregando o problema para você. Se eu tenho um problema de construção eu vou entregar para a construtora e dizer olha está aqui entregue o problema da construção. Cada um tem o seu papel dentro da sociedade, agora se eu entrego a minha vida a um poder superior como descrito no terceiro passo, o que acontece? Eu estou deixando de viver o papel de Deus, isso inicialmente na teoria, porque muitas pessoas dizem: Eu entreguei para Deus. Mas chega um momento em que falam: Deus devolve-me aqui que eu vou fazer minhas palhaçadas novamente e depois eu te devolvo.

Que papel que eu estou vivendo na minha família. Dentro desse processo da auto-afirmação entra o lado da escola, da aprendizagem. Alguns dizem: Ah, eu não tenho mais idade para isso. Mentira. O que eu não quero é sair fora de um comodismo, que muitas vezes a abstinência do meu ente querido trouxe. Se ele está em abstinência eu estou no céu. É a co-dependência: se ele está bem eu estou bem, mas se ele está mau eu estou mau. Esse processo, nós temos que começar a identificar. Hoje que tipo de vida eu estou tendo?

Os últimos passos
Para isso eu preciso desses últimos três passos. Que são os passos dez, onze e doze, e são passos de manutenção.

Fazendo um levantamento dos 12 passos, temos os passos um, dois, três e quatro, esses quatro passos são só para mim... ... , eu não tenho mais ninguém, sou eu que tenho que decidir por eles.
Temos o cinco, seis, sete, oito e nove, esses cincos passos é eu, com o meu passado.
E temos os dez, onze e doze, os três últimos passos que sou o eu atual, aí tem um retrato do que eu sou hoje.

Será que estou tendo um contato diariamente comigo para saber como é que foi o meu dia, com honestidade? Será que realmente estou entrando em contato com esse meu Poder Superior ou estou vivendo o papel desse Poder Superior que eu tenho, ou estou anulando esse Deus na minha vida? Esse poder superior pode muitas vezes ser seu psicólogo, ser seu psiquiatra, ser seu grupo de N.A. / A.A. etc... Não é aquele velhinho de barba, aquela imagem que cada um tem..., aquela imagem tradicional. O poder superior pode ser o grupo, pode ser um profissional, alguém que possa oferecer ajuda na hora em que eu preciso.

Dentro desse processo dos três últimos passos, esse inventário diário, essa revisão diária é aquilo que a igreja católica, a algum tempo atrás chama de exame de consciência. O décimo primeiro passo é o contato consciente com Deus, é você se reavaliar como uma pessoa que pode errar..., que tem o direito de errar, mas tem por obrigação de assumir responsabilidade pelas conseqüências dos seus erros, que é uma coisa que muitas vezes a gente não assume.

E o décimo segundo passo, o último passo que é levar a mensagem a aquele que ainda sofre. Muitas vezes eu vejo pessoas dentro de um caramujo que só saem para darem alfinetadas ou ir à reunião e dizer: eu já fiz a minha parte e fim de papo. E só. Não dá uma palavra que possa transmitir uma mensagem a aquele que está sofrendo. Só que ele se esquece que no momento de sofrimento dele alguém o ajudou..., alguém colocou a mão no seu ombro e disse boa noite..., força..., estamos juntos... Só isso já foi o bastante para que ele fosse ajudado.

Uma outra coisa que eu não posso deixar de falar, é o trabalho dos comitês de serviços dos grupos anônimos, no dia em que muitos chegaram nesses grupos tinha alguém sentado atrás de uma mesa coordenando, alguém já tinha ido ao seu distrito / área / regional prestar contas do trabalho, alguém tinha ido já num hospital / instituição fazer algum tipo de trabalho, de ter ido a uma emissora rádio ou jornal.
É necessário que eu assuma algum compromisso com o grupo, porque se não um dia esse grupo fecha, por não ter quem se sente atrás de uma mesa para coordenar uma reunião.

Aí entra uma palavra mágica que muitas vezes foge do nosso coração, chama-se gratidão. É eles não fizeram nada mais que a obrigação. Na hora do sufoco eles tinham a obrigação, passou o sufoco não existe gratidão? Como é fica isso? Manipular pessoas como se manipula objetos e depois se descarta..., se joga fora? Que tipo de vida essa pessoa pode ter? Que tipo / estilo de vida essa pessoa está tendo.

Nós buscamos a nossa recuperação dentro de um processo de ajuda mútua, os grupos simbolizam uma terapia de espelho, se eu não passei por isso alguém já passou, mas aquilo que alguém esta falando vai servir para alguém.

Existem modelos de tratamentos que hoje estão espalhados no Brasil. No encontro de NA de dezembro de 1999 no Rio de Janeiro, mostrou-se o índice de sucesso em torno de 15% daqueles que chegam à sala e ficam por mais de dois anos. Nas salas de AA o índice é de 20%. E o que temos notado é que os métodos de tratamento que usam os 12 passos tem tido um sucesso maior. O índice de recuperação é bem maior do que aquelas metodologias que não adotam os 12 passos na recuperação do dependente e do familiar.



Autores:



Consultor em dependência - Pedro Moraes Victor Filho
CENTRO PAULISTA DE RECUPERAÇÃO
Fone: [11] 4158-5356

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